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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Festas em honra de N. Senhora da Boa Nova de 17 a 20 de abril. Conheça a história deste santuário

O povoamento da vila de Terena, atualmente uma freguesia do concelho do Alandroal, remonta ao período pré-romano, tendo em conta os vestígios arqueológicos do Templo de Endovélico, uma divindade da Idade do Ferro.

A atual localidade já existia no século XIII, datando desse período a edificação da igreja de Nossa Senhora da Assunção. No entanto, nem o orago nem o primitivo templo são os que atualmente conhecemos na localidade. A igreja parece ter granjeado destaque pelo caráter milagroso da imagem mariana. Encontram-se-lhe referências na obra Cantigas de Santa Maria, cancioneiro mariano da centúria de duzentos. 

Em 1312, ao dar-se a morte do último senhor de Terena, a vila foi doada por D. Dinis ao Infante D. Afonso. Não há consenso em relação à reforma trecentista do templo, assim como à alteração do orago para Nossa Senhora da Boa Nova, sendo a iniciativa atribuída tanto a D. Afonso IV, como à sua filha, D. Maria.

O exterior do templo assemelha-se a uma fortaleza, que, embora tenha sofrido alterações posteriores, estas não descaracterizaram a traça original. A capela-mor encontra-se revestida de pinturas quinhentistas, assim como as imagens de Nossa Senhora da Boa Nova, São Brás, Santa Luzia e Nossa Senhora da Cabeça. 

Tendo em conta a grande expressão devocional do santuário, era possível, no final do século XIX, encontrar no cruzeiro as grandes arcas em que se depositavam as ofertas cerealíferas. Junto à imagem de Nossa Senhora da Boa Nova eram depositados ex-votos de diversa ordem: algemas, moletas, novelos, embrulhos, imagens e cera, bordados, anéis, pulseiras e colares. 

A igreja encontra-se fora do povoado de Terena e a sua romaria decorre no domingo e segunda-feira de Pascoela, ou seja, uma semana depois da Páscoa. Sabe-se que os duques de Bragança participavam, antes de 1640, na romaria anual a Nossa Senhora da Boa Nova, tendo em conta a curta distância entre Vila Viçosa e Terena. A imagem, segundo a descrição de frei Agostinho de Santa Maria (1718), é de vestidos e tem nos seus braços o Menino Jesus. 

Bibliografia:
ESPANCA, Túlio. Inventário Artísitico de Portugal. Distrito de Évora – Concelhos de Alandroal, Borba, Mourão, Portel, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Viana do Alentejo e Vila Viçosa. Volume IX. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1978.
LIMA, Mariana Ramos de. Santa Maria de Terena das Cantigas de Santa Maria: aspetos históricos, políticos e musicais. Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2018.
SANTA MARIA, frei Agostinho de. Santuário Mariano e História das Imagens de Nossa Senhora, e das milagrosamente apparecidas, que se venerão em o Arcebispado de Évora, & nos Bispados do Algarve, & Elvas seus suffraganeos. Tomo VI. Lisboa: Oficina de António Pedrozo Galram, 1718.

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