A fortaleza de Juromenha foi ponto de defesa e vigia sobre as margens do rio Guadiana mas com o passar dos anos ficou ao abandono e à ruína.
Hoj,e com o Alqueva a garantir água em abundância ao rio, permitindo diversas atividades náuticas, abre-se uma janela de esperança para este l,ocal histórico e, em breve, será entregue a obra de consolidação e restauro deste património medieval.
Tal como a Rádio Campanário noticiou, foi lançado em Diário da República, pelo Município de Alandroal, o concurso público para a obra de Consolidação e Restauro dos Paramentos do Perímetro Abaluartado Exterior e Cerca Islâmica e Medieval Interior da Fortaleza de Juromenha. Com um valor base de 4.663.809,27 , o procedimento prevê um prazo de execução de 730 dias
A Fortaleza de Juromenha, esteve ontem em destaque numa edição exclusiva do Diário de Notícias.
O presidente da Câmara Municipal do Alandroal, João Grilo, projeta Juromenha como “a nova joia do Alentejo”, depois de ter terminado 2020 com a garantia de que a fortaleza vai ser requalificada com um investimento de cinco milhões de euros, numa intervenção que terá a complementaridade do concurso Revive.
As primeiras referências a Juromenha datam do século IX, com a fortaleza a ser despovoada em 1920, depois de ter sido palco de inúmeros acontecimentos históricos. É constituída por duas cinturas de muralhas, uma interna, onde se situa a torre de menagem, e outra externa do tipo abaluartado, com planta estrelada.
Este projeto precisa da construção de uma ponte de ligação a Olivença e da navegabilidade do rio Guadiana desde Badajoz até ao paredão do Alqueva.
“Recuperar a fortaleza é só o primeiro passo para uma série de mecanismos que agora vão desenvolver-se. Sei que já há investidores interessados. O desafio é negociar e gerir o que é público e privado no interior da fortaleza”, diz o autarca João Grilo, em entrevista ao Diário de Notícias.
O próprio município tem em carteira a construção de um centro náutico no sopé da escarpa, que contempla uma piscina biológica natural, depois de equacionada a construção de uma praia fluvial, mas a qualidade da água do rio Guadiana nesta zona não o permite. “A piscina natural é uma solução muito interessante e pouco explorada”, diz João Grilo, que aponta ainda à inclusão de valências dedicadas aos desportos náuticos, restaurante e parque de merendas.
Também a reabilitação urbana da aldeia, onde hoje residem cerca de 80 pessoas, surge na agenda do município de Alandroal, que ambiciona responder à escassez de habitação que nos últimos tempos se instalou na freguesia, precisamente porque a procura de casa para segunda habitação aumentou e os preços dispararam.
“Vamos avançar com um loteamento de iniciativa municipal, sobre o qual estamos a trabalhar, num terreno que o município já tem muito bem situado”, revela João Grilo, admitindo que este passo vai alargar a oportunidade a quem quer comprar casa.
Mas para dar expressão ao potencial da “nova Juromenha”, João Grilo tem dois desígnios que pretende concretizar: a construção de uma ponte habilitada a fazer a ligação rodoviária a Vila Real (Olivença), para pessoas e mercadorias, e colocar na agenda a questão da navegabilidade do rio Guadiana desde a zona de Badajoz até ao paredão do Alqueva.
“Sem uma ponte o mundo acaba aqui. Se temos a expectativa de ter visitantes e investidores, temos de contar com os espanhóis e, apesar de só termos cem metros de água a separar as margens, encontramos esta barreira física à aproximação. É inaceitável”, diz João Grilo, realçando as fortes ligações culturais e até familiares entre ambas as populações. Neste momento, para chegar a Olivença, a população tem de dar a volta por Elvas, ao encontro da Ponte da Ajuda, percorrendo mais de 30 quilómetros.
Para a concretização deste objetivo, o autarca aponta aos fundos de investimento do Plano de Recuperação e Resiliência, recordando que contempla a revitalização da linha de fronteira com investimentos estruturantes que beneficiem ambos os países.