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Gastronomia portuguesa terá “futuro muito risonho”, diz diretor do Guia Michelin

 O diretor internacional do Guia Michelin salientou hoje o “dinamismo” atual da gastronomia portuguesa e admitiu que o país poderá conquistar uma ou mais distinções máximas, antecipando um “futuro muito risonho” para o setor.

“Há um verdadeiro dinamismo e, de um ano para o outro, vemos que o nível do panorama gastronómico local, a criatividade, a diversidade estão realmente a aumentar”, comentou Gwendal Poullennec, em entrevista à agência Lusa.

Na edição de 2022 do Guia Michelin Espanha e Portugal, apresentado esta semana em Valência, cinco restaurantes portugueses conquistaram a primeira estrela Michelin (‘cozinha de grande nível, compensa parar’’).

No total, Portugal conta agora com sete restaurantes com duas estrelas (‘cozinha excecional, merece o desvio’) e 26 com uma estrela.

“São 33 restaurantes. Para Portugal, isso é muito”, considerou, acrescentando: “O futuro da gastronomia portuguesa parece muito risonho”.

Questionado se Portugal poderá receber num futuro próximo a distinção máxima (três estrelas – ‘cozinha de nível excecional, justifica a viagem’), algo que nunca aconteceu, respondeu que “tudo é possível”.

“Espero que haja um dia um restaurante de três estrelas e talvez não apenas um”, comentou.

“Basta ver a rapidez com que a cena culinária local se está a desenvolver, a sua criatividade, diversidade, muito foco nos produtos locais, ‘chefs’ a abraçar novas tendências ou a serem criadores de tendências”, completou.

Poullennec salientou que a consistência é um dos fatores determinantes para a decisão de atribuir as três estrelas – em Espanha são 11 os restaurantes nesta categoria.

“[A distinção] três estrelas é realmente a derradeira experiência culinária e temos visto muitos progressos em Portugal ao longo dos últimos anos. E, novamente, o que importa é a dinâmica. Tem a ver com a qualidade dos produtos e o domínio das técnicas culinárias, o sabor, a personalidade do cozinheiro”, frisou.

Mas, salientou, “no fim de contas, também uma questão de consistência e é importante que haja uma experiência realmente consistente ao longo do tempo e ao longo do menu como um todo”.

Instado a comentar críticas do meio gastronómico português de que o país é, de alguma forma, negligenciado, quando comparado com Espanha, Gwendal Poullennec garantiu que o Guia Michelin tem “muito cuidado quando trabalha a seleção portuguesa que figura na publicação” e os inspetores, que fazem as avaliações de forma anónima, veem o “potencial” da alta cozinha portuguesa de uma forma “muito séria”.

“Penso que prova disso é a nova seleção, um novo estilo de restaurantes a ser promovido, duas estrelas verdes a serem reconhecidas”, ilustrou.

Na edição de 2022, a estrela Michelin foi atribuída aos restaurantes “Al Sud” (Lagos), “A Ver Tavira” (Tavira), “Cura” (Lisboa), “Esporão” (Reguengos de Monsaraz) e “Vila Foz” (Porto). Já a ‘estrela verde’, que distingue boas práticas ambientais, foi entregue ao “Esporão” e ao “Il Gallo d’Oro” (duas estrelas Michelin, Funchal).

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