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Quarta-feira, Outubro 30, 2024

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Gestão do Castro da Cola passa para o município de Ourique

O Castro da Cola é uma importante marca da presença dos povos no território de Ourique, acervo patrimonial classificado Monumento Nacional pela sua relevância no plano local, regional e nacional.

A Ministra da Cultura e a Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública do Governo de Portugal transferiram as competências e recursos para a gestão, a valorização e a conservação dos imóveis do Castro da Cola para o Município de Ourique.

Nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 22/2019, de 30 de janeiro e do presente auto de transferência, são obrigações do Município:

a) Garantir o cumprimento da missão do imóvel classificado Castro da Cola;

b) Assegurar a qualidade das atividades que envolvem o imóvel classificado Castro da Cola, bem como garantir as condições de funcionamento e segurança das instalações adequadas, considerando os recursos transferidos;

c) Prestar à área governativa da Cultura as informações que esta considere necessárias à avaliação da qualidade de execução dos serviços e à adequada verificação e supervisão das condições de funcionamento do imóvel classificado como MN – Monumento Nacional pelo Decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910, Castro da Cola;

d) Assegurar o cumprimento dos princípios e normas consagradas na lei de bases da política e do regime de proteção e valorização do património cultural, aprovado pela Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro;

e) Solicitar o apoio técnico da área governativa da Cultura para as intervenções de conservação dos acervos.

Desde há largos séculos que este Castro tem sido objeto da curiosidade e estudo por parte de diversos investigadores, alguns dos quais chegaram, mesmo, a realizar o seu levantamento cartográfico.

Embora tivesse tido uma ocupação desde o Neolítico até à época medieva, a parte mais significativa do espólio exumado na altura permite concluir que os períodos de maior atividade humana neste sítio terão decorrido ao longo da Idade do Ferro (representada pelos resquícios de uma curta espada de antenas, urnas cerâmicas e pela presença de diversas contas de colar realizadas, quer em vidro – de tipo fenício ou púnico -, quer em ouro) e, sobretudo, na Idade Média, com especial destaque para o período islâmico, do qual abundam inúmeros exemplos, tendo-se encontrado apenas dois fragmentos de lucernas relativos à ocupação romana, mas que não bastam para se falar de romanização deste povoado.

Quer pela análise do espólio encontrado durante as escavações correspondente ao período islâmico, quer pelo estudo da sua localização no terreno, e, sobretudo, pelo numeroso conjunto de artefactos conectados com a atividade da tecelagem (cujos padrões parecem obedecer a uma gramática decorativa aproximada à do mundo islâmico), poder-se-á concluir que o Castro da Cola constituiu um importante complexo comunitário, cuja base económica deveria repousar sobre uma economia essencialmente agro-pastoril, a condizer com o potencial da região envolvente.

Na realidade, estas potencialidades naturais explicarão o facto de serem conhecidas nesta vasta área geográfica diversas estações arqueológicas com vestígios ocupacionais desde o Neolítico até à Idade Média, numa evidência da sua ocupação contínua por parte de agricultores, pastores e mineiros, que aí encontraram as condições essenciais ao exercício das suas atividades e à sobrevivência das povoações onde viviam.

Do período islâmico fará, ainda, parte um conjunto bem representativo de cerâmica de variadíssimas espécies, numerosas agulhas de fusos de fiação e cossoiros de chumbo, entre outros materiais. Além disso, reportar-se-á também a esta época, ou ao período imediatamente a seguir à Reconquista Cristã, a existência de um complexo sistema defensivo, do qual faziam parte uma fortificação principal e fortificações secundárias, bem como uma ampla área de habitat e diversas necrópoles.

O Município de Ourique continuará a concretizar respostas para as pessoas, a construir soluções para o território e a procurar valorizar os recursos próprios com novas oportunidades de financiamento e de melhoria das condições de vida no concelho.

Fonte: CM Ourique

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