As associações profissionais de militares saudaram hoje a escolha de Helena Carreiras para a pasta da Defesa, destacando o seu “vasto currículo” e conhecimento do setor, e manifestaram a expetativa de que o ministério disponha de meios financeiros.
“Contrariamente aos seus antecessores que ocuparam esta relevante pasta nas últimas décadas, a professora doutora Helena Carreiras tem um vasto currículo ligado às matérias da Defesa Nacional, designadamente no que concerne àquele que é, de forma praticamente unânime, considerado o maior problema das Forças Armadas: a exiguidade, em quantidade e, cada vez mais, em qualidade, dos efetivos militares”, considerou a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), numa publicação na rede social Facebook.
A AOFA lembra que Helena Carreiras “coordenou vários estudos relacionados com a questão dos efetivos o que lhe permite o conhecimento relevante sobre o diagnóstico e as respetivas soluções para a resolução dos problemas, quer ao nível do recrutamento quer da retenção”, não lhe sendo desconhecidas as principais preocupações e soluções da AOFA “no que concerne à atratividade das Forças Armadas”.
“Desde logo a necessidade de revisão global do Estatuto Remuneratório dos Militares, o modelo de financiamento da Assistência na Doença (ADM), as carreiras, ponto essencial de um vasto conjunto de alterações que se impõe ao Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR), o Sistema de Avaliação de Mérito (desadequado e injusto) que está em vigor, a necessidade de implementação dos Quadros Permanentes de Praças no Exército e Força Aérea, a formação, entre muitas outras matérias correlacionadas”, enumeram.
A AOFA espera que a futura ministra, “além dos conhecimentos que efetivamente tem sobre as matérias e sobre os interlocutores que se constituem as Associações Profissionais de Militares , tenha também os fundamentais meios, designadamente financeiros e de forte e determinado apoio político, para poder efetivamente cumprir cabalmente as funções de relevo que agora lhe são confiadas”.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação de Sargentos, António Lima Coelho, disse não haver dúvidas de que “em termos de conhecimento da matéria [Helena Carreiras] é das pessoas mais informadas sobre as questões militares e há anos que se dedica a esta causa”.
“A nós o que suscita preocupação e interrogações é saber o que é que o governo, particularmente o senhor primeiro-ministro e as pastas ligadas às Finanças – o ministro das Finanças, o ministro da Economia – o que irão proporcionar à senhora ministra para que ela possa desempenhar cabalmente a sua missão”, disse.
O sargento Lima Coelho alertou que “as bases estão muito carenciadas e não se vê trabalho no sentido de melhorar esta situação”: “Será que as atenções vão continuar a ser na estrutura superior das FA esquecendo aquilo que é a essência da existência de uma instituição como esta, que são as bases?”, questionou.
Pela Associação de Praças, o cabo-mor Paulo Amaral também destacou o “vasto currículo” de Helena Carreiras, enaltecendo que é uma pessoa com “um vasto historial relativamente à Defesa e com provas dadas”.
“A questão aqui é as políticas que se vão fazer. Vamos esperar por aquilo que o programa do governo irá indicar para a questão da Defesa Nacional”, disse, alertando que “mudar as pessoas mas não mudar as políticas é exatamente a mesma coisa”.
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira ao Presidente da República a composição de um Governo com 17 ministros, menos dois do que no anterior.
Helena Carreiras vai ser a primeira mulher a exercer o cargo de ministra da Defesa Nacional, segundo a lista do XXIII Governo Constitucional proposta por António Costa e aceite pelo Presidente da República.
Natural de Portalegre e licenciada em sociologia pelo ISCTE, desde julho de 2019 diretora do Instituto de Defesa Nacional (IDN), vai suceder nesta pasta a João Gomes Cravinho e será a terceira na hierarquia do executivo.
C/Lusa