António Anselmo, Presidente da Câmara Municipal de Borba, a meses de terminar o seu mandato, fez o balanço do mesmo, aos microfones da Rádio Campanário.
Tendo sido eleito pelo MUB (Movimento Unidos por Borba) em 2013, faz agora um balanço “muito positivo” do desempenho do seu partido, à frente da autarquia.
O autarca diz que, à chegada, a conjuntura com que o partido se deparou era bastante adversa, com uma dívida municipal de cerca de 11 milhões e meio de euros.
“Conseguimos, durante esse período, reduzir 4 milhões de euros de dívida”, declara, encontrando-se a dívida, em novembro de 2016, nos 7 milhões de euros.
Foram também investidos cerca de 600 mil euros na aquisição e restauro de viaturas, pois, “quando chegámos, não havia viaturas novas, e as que havia eram más”, afirma o presidente do município.
Neste balanço, aponta também os cerca de 300 mil euros investidos em obras a nível do saneamento, de estradas, de ordenamento do território. “Fizemos aquilo que tínhamos a fazer, sem nunca descurar aquilo que era importante”, as pessoas, conclui.
A criação do Lagar-Museu, do Museu de Arte Sacra, assim como de um posto de turismo “com qualidade, e feito para servir as pessoas, e promover e divulgar o concelho e a região”, são alguns dos projetos que ressalva do seu mandato.
O autarca realça a criação de eventos no concelho, como a Festa de Natal de Borba, realizada a partir de 2013, a Feira Ervas e Companhia, em Orada, desde 2014, e a Feira Queijos e Sabores de Borba, que se pretende que, com o tempo, se comece a realizar em Rio de Moinhos, realizada desde 2015.
Borba fez uma parceira com a Vidigueira, para promover o Vinho da Talha a Património Mundial. Neste sentido, e questionado sobre o porquê de apoiar a Câmara da Vidigueira, ao invés de apresentar a sua própria candidatura, o autarca afirma que o processo fora há muito iniciado pelo município da Vidigueira. Reconhecendo que Borba tem duas adegas que o produzem, e que reuniria condições para o fazer, garante que as mesmas beneficiarão da atribuição, ao Vinho da Talha da Vidigueira, da designação e Património Mundial. Mas que. Neste sentido, garante que “não me incomoda nada de Vila Viçosa, ou Estremoz, Vidigueira ou a Azaruja, liderem um processo, desde que esse processo me sirva à minha região, e particularmente ao concelho”.
Acrescenta ainda que Borba será “um parceiro com muito mais valia para poder promover este o vinho da talha a património imaterial da humanidade”, não estando em causa liderar o processo, mas sim “promover uma coisa, que é transversal a toda a gente”.
António Anselmo diz que “a Festa da Vinha e do Vinho, tem vindo num crescente positivo”, promovendo o que de melhor tem a gastronomia local e regional.
“Eu as pessoas que fazem parte do executivo do MUB”, declara, “estamos muito contentes com o que foi feito”.
A nível da economia do município de Borba, quando questionado se o valor da dívida municipal teria sido tão reduzido, sem a imposição do PAEL, António Anselmo, afirma que “houve uma obrigação legal e que nós cumprimos”.
O autarca aponta uma mudança de atitude para o alcançar e que, mesmo que não existisse essa obrigação legal, “a minha opção seria sempre diminuir a dívida”.
Admite, contudo, que o valor poderia ter sido inferior, pois teria optado por investir mais em Borba, em detrimento de abater valor em dívida. Teria reduzido a mesma, mas “com essa exigência toda, claro que não”, afirma.
Neste momento, e após aprovação de contas de 2016, avança que reúnem condições para pedir um empréstimo para pagar o PAEL (Programa de Apoio às Economias Locais), e que a dívida municipal à ADSE se encontra saldada na íntegra.
Ao abrigo do Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU), Borba dispõe, há cerca de um ano, de 950 mil euros em apoios, disponíveis para investir.
Para a utilização desse valor, apresentado na CCDR, existe um projeto relacionado com o Celeiro da Cultura, que representa um investimento de 180 mil euros.
Avança ainda que o município adquiriu um prédio, que constituirá os Espaços Expositivos de Artes e Ofícios Adicionais de Borba. Sendo uma pequena “casa encostada à muralha”, funcionará como um pequeno museu, de acesso à mesma.
“Independentemente das exigências, um mandato feito como queríamos que fosse feito. Com critério, com respeito, e acima de tudo, com as pessoas de Borba, que merecem tudo”. Declara o autarca, afirmando que o mandato tem sido cumprido sem “nada de exageros, pés assentes no chão, passo a passo”.
Relativamente ao papel desempenhado pela autarquia, na evolução do sector dos vinhos, o presidente de Borba, aponta a participação na BTL, como uma iniciativa que “promove tudo o que há de bom em Borba”, incluindo os vinhos. “Tudo o que nos interessa é vender Borba”, e neste sentido, garante que qualquer evento da autarquia que promova o concelho, está a promover os vinhos.
Confrontado com a diferença na abrangência anterior da Festa do Vinho e da Vinha, que inicialmente atraia pessoas a nível nacional, e que com o tempo se tornou uma festa regional, o autarca declara que o local e “a forma como é feita a festa cansou”.
“Tem que se pensar em grande […] mas com bom censo”, realçando que as condições do espaço, a ideia essencial de a manter como uma festa promotora de produtos exclusivamente regionais, assim como a conjuntura económica da população, como fatores contributivos.
No âmbito da Ação Social, o autarca realça que durante o seu mandato, se procedeu à inserção de um assistente social, num Gabinete de Ação Social que se encontra “a funcionar bem […] e que acompanha muita gente”, tendo em mente “nunca alvitrar, nunca ofender, mas acima e tudo apoiar.”
O emprego no concelho de Borba, afirma o autarca, é “de média preocupação”.
Ao longo do seu mandato, conseguiu reduzir os preços na Zona Industrial da Orada, mas o facto não surtiu efeito na atração de empresas.
O presidente de Borba vê com relutância este tópico, apontando que houve empresas a aumentar os postos de trabalho, houve a criação de algumas pequenas empresas que geraram, contudo, poucos postos de trabalho. Simultaneamente, existem as que necessitam de reestruturação, que resultará em desemprego, assim como as que, “lamentavelmente, fecharam”.
Considera que “Borba é preocupante pelas pessoas que não têm nem desemprego, nem rendimento” mínimo de inserção, apontando a necessidade da realização de “cursos profissionais que valham a pena, que permitam à pessoa se fixar e trabalhar”.
A diminuição do valor de loteamentos em freguesias do concelho, possibilitou a fixação de alguns casais jovens e, acredita, possibilitará a fixação de mais.
Tendo alterado a sua opinião relativamente a alguns projetos pelos quais votou favoravelmente, quando exercia outros cargos no município, aponta a necessidade de humildade em alterar opiniões perante a realidade, afirmando que “o caminho está traçado, […] e é o melhor caminho para Borba, tranquilamente”.
A nível da Saúde, afirma que têm vindo a ser construídas boas relações com as unidades de saúde, e que “neste momento, todos os utentes têm médico de família”. Esse apoio traduz-se, por exemplo, na ajuda em campanhas (nomeadamente impressão de folhetos), e cedência de veículos quando necessário.
“Borba é um sítio apelativo”, pelas facilidades de acesso, e pelo seu património “em termos de construção”, declara o autarca, relativamente ao setor do turismo.
Apesar de considerar que existem poucos alojamentos, considera-os de qualidade e relembra que o concelho apresenta vários pontos naturais, turísticos e religiosos.
Havendo várias localidades circundantes a adquirir ou a candidatar-se a Património da Humanidade, e questionado sobre a possibilidade de Borba fazer o mesmo, o autarca declara que “Borba não, porque tem de tudo”, e que se temos muita coisa, começamos a desvalorizá-la. Mas, se optassem, por o fazer, considera que Borba reúne todas as condições necessárias.
Questionado relativamente à alegada estagnação do concelho de Borba, afirma que “Borba não parou, […] colocou-se no lugar certo”, a partir do qual, poderá pensar em todas as direções estratégicas para desenvolver o concelho, compassadamente e ponderadamente.
Durante muito tempo, houve segurança no setor do mármore e do vinho, como uma aposta ganha. Perante alterações na conjuntura geral, surge agora a necessidade de inovar e voltar a apostar.
Em balanço final destes quase 4 anos passados, afirma que “só fiz uma promessa eleitoral” e que a mesma foi cumprida, com a construção do parque infantil no Barro Branco.
Apesar de se considerar sentimental na tomada de decisões, assegura ser igualmente racional, afirmando que “o presidente de câmara é uma pessoa que tem que ser muito simples, tem que ser muito humilde”, trabalhando com e para os outros.