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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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Grande Entrevista: “Se Portugal continuar, o árbitro volta ao país, mas se isso fizer o povo feliz, que assim seja.”

A Rádio Campanário numa entrevista exclusiva com Luís Godinho, natural de Borba, no Alentejo, e um dos árbitros de futebol mais respeitados de Portugal. Recentemente promovido ao primeiro grupo da UEFA, Luís Godinho partilha connosco a sua trajetória de 24 anos na arbitragem, os desafios que enfrentou e as suas expectativas futuras. A entrevista, conduzida por Augusta Serrano, oferece uma visão íntima do que significa ser árbitro ao mais alto nível, as pressões da profissão e a importância de manter a integridade e a dedicação.

Augusta Serrano: Hoje temos o prazer de conversar com Luís Godinho, árbitro de futebol, que recentemente subiu ao primeiro grupo da UEFA. Luís, como se sente após alcançar este marco na sua carreira?

Luís Godinho: Foi o culminar de 24 anos de arbitragem. Parece que foi ontem que comecei, com muitos sonhos e um caminho longo e cheio de desafios. Este percurso não me pertence apenas a mim, mas a todos os que me ajudaram ao longo dos anos a subir a este patamar do Grupo 1, que antecede o Grupo de Elite da UEFA. Estou imensamente feliz, mas também ciente da responsabilidade que isso traz, não só para mim, mas para a arbitragem portuguesa e para a nossa região do Alentejo.

Augusta Serrano: Como é feita a avaliação que permite aos árbitros subir a este patamar?

Luís Godinho: A avaliação baseia-se nas prestações nos jogos, tanto em campeonatos nacionais como em competições internacionais, incluindo testes físicos e de conhecimento das leis do jogo, a proficiência em inglês também é crucial, pois é a língua oficial das competições da UEFA. Esta combinação de fatores é o que determina quem está em melhor posição para subir de patamar.

Augusta Serrano: Ser árbitro pode torna-se por vezes uma tarefa ingrata, estando frequentemente sujeita a críticas. Como lida com as opiniões muitas vezes injustas?

Luís Godinho: A arbitragem é realmente uma função ingrata pela exposição e pelas críticas que recebemos ,no entanto, é uma profissão do qual me orgulho muito. É importante mantermos uma mentalidade forte e disciplinada, focando-nos em dar o nosso melhor. O objetivo é que, no dia seguinte ao jogo, ninguém se lembre do árbitro, o que significa que fizemos um bom trabalho. Eu eduquei-me a mim mesmo e à minha família para não darmos atenção às críticas e focarmo-nos no nosso desempenho.

Augusta Serrano: Quando começou a sua carreira há 24 anos, imaginava que um dia chegaria a este nível?

Luís Godinho: Sempre tive o sonho de chegar ao topo na arbitragem, desde muito novo. Olhava para os árbitros nas finais de grandes competições e imaginava-me naquelas posições. Esse sonho parecia impossível, mas agora percebo que está muito mais próximo de se realizar. O caminho para a elite é difícil, mas não é isso que me faz continuar. Quero continuar a dar o meu melhor, representar bem a arbitragem portuguesa e ser um exemplo para os meus filhos.

Augusta Serrano: Como é que vive os jogos de Portugal, agora no EURO 2024?

Luís Godinho: Quando Portugal joga, todos queremos que ganhe. No entanto, como árbitro, apoio também os meus colegas para que façam um bom trabalho. Se Portugal continuar na competição, o árbitro português tem de voltar ao país, mas se isso fizer mais feliz o povo português, que assim seja.

Augusta Serrano: Quais são os seus próximos objetivos?

Luís Godinho: A época começa a meio de julho com jogos internacionais e termina em maio. Quero estar nos melhores jogos e continuar a dar o meu melhor para valorizar a arbitragem portuguesa. O meu objetivo é continuar a trabalhar arduamente e, quem sabe, um dia chegar ao Grupo de Elite.

Augusta Serrano: Como é o seu processo de preparação para cada jogo?

Luís Godinho: A preparação para cada jogo é intensa e detalhada. Inclui análises dos jogos anteriores, treino físico rigoroso, e revisão das regras e regulamentos específicos da competição. Além disso, a preparação mental é crucial. É preciso estar focado e preparado para tomar decisões rápidas e corretas durante o jogo.

Augusta Serrano: Como equilibra a vida profissional com a vida pessoal?

Luís Godinho: É um desafio constante, mas a minha família tem sido um grande apoio. É importante encontrar um equilíbrio, dedicar tempo à família e aos amigos, e também encontrar tempo para descansar e recarregar energias. A disciplina é fundamental para conseguir gerir todas as responsabilidades.

Augusta Serrano: Há algum momento ou jogo específico que considere o mais memorável da sua carreira até agora?

Luís Godinho: Houve muitos momentos memoráveis ao longo dos anos, mas dirigir a final de uma competição europeia ou um jogo decisivo em um campeonato nacional são sempre momentos especiais. Cada jogo traz a sua própria emoção e desafio, e é isso que torna a arbitragem tão gratificante.

Esta entrevista com Luís Godinho revela não só o percurso profissional de um árbitro de excelência, mas também a paixão e o empenho que são necessários para alcançar o topo na arbitragem. Com um profundo sentido de responsabilidade e uma visão clara do que significa representar a arbitragem portuguesa e a sua região, Luís Godinho deixa-nos inspirados pela sua dedicação e integridade. A Rádio Campanário agradece ao Luís por partilhar a sua história e deseja-lhe continuação de sucesso na sua carreira.

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