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Grupo Pró-Évora pede ao Governo para corrigir “suborçamentação” do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo

Foto: Município de Évora

A associação de defesa do património Grupo Pró-Évora apelou ao Governo para “corrigir a suborçamentação prevista” para o Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, alertando que, caso contrário, fica com o “futuro comprometido”.

Em comunicado enviado à Agência Lusa, o Grupo Pró-Évora chamou a atenção “dos responsáveis e da opinião pública para a urgência de corrigir a suborçamentação prevista”, a qual, a manter-se, “compromete a atividade” da instituição.

O aviso de abertura dos concursos para seleção de nove diretores de museus e monumentos nacionais, de entre os quais o espaço museológico de Évora, foi publicado em Diário da República no passado dia 29 de maio.

Além das indicações sobre requisitos de admissão, perfil pretendido e remuneração, entre outros dados, o documento indica também a estimativa do orçamento de cada unidade orgânica tutelada pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e aloca 10% do valor à programação.

No caso do Frei Manuel do Cenáculo, o único o museu nacional a sul do rio Tejo, o orçamento estimado é de 342 mil euros, o mais baixo de todos os seis museus nacionais que têm o cargo de diretor a concurso.

O Grupo Pró-Évora indicou que aguardava “com expectativa” a publicação do aviso de abertura do concurso referente ao Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, considerando que “o resultado é desagradavelmente surpreendente”.

“São indicados os orçamentos totais das instituições, que, no que se refere aos seis museus, estipulam verbas muito díspares: 342 mil euros para o museu de Évora, 797 mil euros para o Museu Nacional Grão Vasco e valores que oscilam entre 1.440.139,30 e 1.892.459,63 euros para os outros quatro museus”, sublinhou.

A associação questionou, entre outros aspetos, “como poderá o futuro diretor do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, com aquele orçamento, programar exposições permanentes, temporárias e itinerantes, contratar, eventualmente, os respetivos comissários e promover uma oferta diferenciada no âmbito do serviço educativo”.

Para o Grupo Pró-Évora, também parece “bizarra” a forma como foram calculados os orçamentos estimados, uma vez que os valores são assentes “nos valores de 2019 e 2020, que servem para os candidatos terem uma ideia da ordem de grandeza do orçamento”.

Este ano, alertou, “a situação é absolutamente atípica”, devido à pandemia da covid-19, e o ano passado também o foi para o museu de Évora, porque “foi nesse ano que a sua tutela passou da Direção Regional de Cultura do Alentejo para a DGPC, prolongando-se uma indefinição nos prazos dessa alteração, com consequências negativas manifestas na sua realidade financeira”.

“Será, portanto, de toda a justiça rever substancialmente o orçamento previsto para o museu, a menos que se pretenda asfixiar a instituição, podendo mesmo ficar comprometida a resposta ao concurso atual para a sua direção, pois poderá haver quem desista de uma eventual candidatura face aos valores orçamentais irrisórios previstos”, advertiu a associação.

O Grupo Pró-Évora considerou ainda como “outra grave situação” o facto de o Museu Nacional Frei Manuel Cenáculo estar “na iminência de não conseguir abrir as portas, por falta de pessoal que garanta a receção e a vigilância do espaço”.

A promoção do espaço museológico de Évora a Museu Nacional e a mudança da sua designação para Museu Frei Manuel do Cenáculo foi aprovada, a 23 de fevereiro de 2017, pelo Conselho Nacional de Cultura, após proposta do então ministro da tutela Luís Filipe Castro Mendes, tendo o despacho sido publicado em Diário da República a 22 de março.

O Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, instalado no antigo Paço Episcopal, junto à Sé e ao Templo Romano, tem um acervo de cerca de 20 mil peças de pintura, escultura e arqueologia, possuindo ainda azulejaria, ourivesaria, paramentaria, mobiliário, cerâmica, numismática e naturália (objetos curiosos da natureza).

O núcleo original das coleções permanentes de arqueologia é constituído por um conjunto de antiguidades recolhidas, no sul do país, por Frei Manuel do Cenáculo, nomeado bispo de Beja em 1777, e indigitado arcebispo de Évora em 1802.

Fonte: Agência Lusa

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