No Alentejo, região de planícies onduladas e clima seco, encontramos duas aves notáveis: a abetarda e o sisão. Estas espécies, entre as maiores aves do local, preferem manter-se discretas. Guilherme, um conhecedor da área, introduz-nos a estas aves fascinantes.
Com 10 espécies de aves estepárias em Portugal, Castro Verde emerge como um habitat ideal, abrigando 80% da população destas aves no país. Esta vila, a 170 km de Lisboa, é conhecida pelas suas extensas planícies e relevância ornitológica, além de vestígios históricos romanos e árabes. A agricultura extensiva de azeite, vinho e cereais contribui significativamente para a biodiversidade local.
A abetarda exibe dimorfismo sexual pronunciado: os machos são consideravelmente maiores e mais pesados do que as fêmeas. Podem pesar até 14 kg e ter uma envergadura de até 260 cm, ganhando a alcunha de “rainha das estepes”. Suas exibições nupciais em março são espetaculares, mas são aves cautelosas e raramente vistas de perto. Metade da população de abetardas em Portugal (cerca de 500 indivíduos) encontra-se em Castro Verde.
O sisão, por outro lado, é menor e mais frágil, com um pescoço escuro distintivo e um voo peculiar. Durante a época de acasalamento, os machos têm pescoços negros com listras brancas, enquanto as fêmeas são acastanhadas. Esta espécie enfrenta desafios de conservação devido à mecanização agrícola e práticas intensivas, estando em risco de extinção em Portugal. Uma gestão agrícola equilibrada, com cultivo extensivo de cereais e variedade de habitats, é crucial para a sua sobrevivência.
Estas aves simbolizam o Alentejo, onde a monocultura intensiva representa um desafio para a conservação de suas espécies e habitats. A preservação dessas aves é fundamental para manter o equilíbrio do ecossistema único do Alentejo.