Realizou-se hoje a apresentação pública do futuro Hospital Privado do Alentejo, a construir em Beja, um investimento de 26 milhões de euros e onde se prevê a criação de 250 postos de trabalho para “reforçar a oferta de cuidados de saúde hospitalares diferenciados”.
Este projeto é uma parceria entre o grupo Empírica e a empresa alemã líder em tecnologia médica Siemens Healthineers.
A Rádio Campanário esteve presente na apresentação pública do futuro Hospital Privado do Alentejo, em Beja e falou com Francisco Miranda Duarte, Diretor Executivo e Presidente do Concelho de Administração do Grupo Empírica, que é a Entidade Promotora e Gestora do Hospital Privado do Alentejo.
Este complexo irá integrar, para além da unidade hospitalar, uma unidade de residências para séniores e vai ser um edifício-referência, que se prevê, possa estar terminado e a funcionar no final de 2023 (daqui a aproximadamente 2 anos)
Francisco Miranda Duarte, referiu que este “é um Hospital novo, e é o primeiro Hospital que foi pensado, concebido e desenhado, em Portugal, num cenário pós covid,” acrescentando que “é um hospital realmente novo e diferente de todos os hospitais que existem.”
E o que significa ser um Hospital diferente dos demais? Segundo Francisco Miranda Duarte, “nós acreditamos que é diferente para melhor, na medida em que tem uma diferenciação tecnológica muito significativa”, revelando que “vai ter uma componente digital muito importante na sua interação com os clientes, e vai ter um foco muito importante naquilo que é a experiência do cliente”.
No que diz respeito a esta inovação na interação com o cliente/utente, Francisco Miranda Duarte explica que “a forma como o cliente vai poder utilizar o Hospital vai ser diferente, vai ser mais conveniente, mais fácil, os tempos de espera não vão ser tão demorados, e dessa forma, nós vamos conseguir ter realmente uma diferenciação não só clínica, mas da própria experiência global do cliente”.
No que diz respeito à construção do hospital e ao número de divisões que vai contemplar, Francisco Miranda Duarte referiu que “ é um hospital que vai ter bloco operatório, com 3 salas, vai ter uma unidade de exames endoscópicos, com duas salas de exames para todos os procedimentos de gastro, pneumologia, vai ter cuidados intensivos,” destacando que “não existem em muitos hospitais privados,” e continua referindo que “vai ter uma área de diagnóstico muito diferenciada, vai ter atendimento permanente de adultos e pediátricos,” concluindo que “é uma unidade efetivamente muito diferenciada e que tem um âmbito de atuação muito significativo.”
Francisco Miranda Duarte revelou ainda que “Este hospital vai ser acreditado pela Joint Commission International que é o standard da creditação dos hospitais em todo o mundo e esse é um compromisso da empírica.”
Questionado se este era um Hospital para as doenças do futuro, Francisco Miranda Duarte referiu que, “é um hospital para a saúde do futuro”, acrescentando que “nós temos uma parceria com a Siemens e com os laboratórios Germano de Sousa, que nos dão as ferramentas para nós podemos trabalhar na saúde do futuro.”
Hoje é dia é desperdiçada grande parte da informação clínica que é trabalhada nos hospitais e segundo Francisco Miranda Duarte “não podemos partir dessa informação para conseguir melhores resultados de saúde e mais atempadamente às pessoas.”
Este hospital vai permitir, com as tecnologias inerentes à sua função, agir preventivamente. Segundo Francisco Miranda Duarte, “há situações que nós podemos prever, pela medição de parâmetros vitais das pessoas, pela soma de um conjunto de diagnósticos que as pessoas vão tendo e que nos permite atuar de uma forma preventiva e precoce”, através da informação clínica que tem sido desperdiçada.
De acordo com Francisco Miranda Duarte, a utilização da informação clínica “é melhor para o sistema, porque ao atuar de uma forma mais precoce nós evitamos que as situações agudizem, e obviamente, nós sabemos que o grande custo de acesso ao sistema de saúde é nas situações mais agudas”, dando como exemplo “ quando nós temos de ser operado, quando vamos para os cuidados intensivos é aí que nós gastamos mais medicamentos, que nós temos os custos dos consumíveis clínicos com os profissionais”, concluindo que esta “medicina mais preditiva, mais personalizada, permite ter um acompanhamento diferente dos doentes e atuar de forma mais rápida e evitar a agudização dos cuidados, por isso é que nós dizemos que é um hospital para a saúde do futuro.”
Questionado sobe a possibilidade de um hospital privado não estar ao alcance de todos, Francisco Miranda Duarte explica que “nós temos perto de 50% das pessoas que acedem a alguns hospitais privados porque tem uma entidade empregadora que lhes permite esse acesso,” acrescentando que “isso é a explicação do crescimento que o sistema de saúde privado teve nos últimos 10 anos em Portugal, com investimentos substanciais e que continuam a crescer”.
“Este hospital, é um hospital que nós queremos que seja para todos, que é, de uma forma muito especial, para quem tenha seguro de saúde, para quem seja utilizador da ADSE e dos subsistemas públicos, mas também queremos que seja um hospital convencionado pelo estado, e gostaríamos muito disso, nomeadamente em áreas em que não há resposta na região,” conclui Francisco Miranda Duarte
Como exemplo de áreas da saúde onde o baixo Alentejo não tem como dar resposta aos utentes, Francisco Miranda Duarte revela que “temos o exemplo da ressonância magnética que não existe uma única no baixo Alentejo. Nós vamos ter uma ressonância magnética, ao nível das melhores que existem em Portugal em qualquer hospital, e entendemos que esse é um exemplo claro de uma atividade que pode ser convencionada pelo Estado e, dessa forma, garantir acesso a todos.”
Para além disso, segundo avançou Francisco Miranda Duarte, “há uma componente de responsabilidade social muito relevante aqui neste projeto e de serviço à comunidade e, nesse sentido, gostaria de anunciar que o hospital vai ter um serviço gratuito, para famílias que adiram às visitas de enfermagem periódicas, para acompanhar a situação de saúde das pessoas e identificar situações que, depois, podem ser tratadas onde as pessoas entenderem.”
No que diz respeito a este serviço de saúde gratuito, Francisco Miranda Duarte refere que a adesão é voluntária e “as famílias que quiserem essa adesão voluntária, serão visitadas pela enfermagem do hospital, fazem uma consulta de enfermagem, medem os sinais vitais, medem determinados parâmetros de saúde e fazem uma recomendação, que as pessoas depois podem seguir e ser seguidas no seu centro de saúde ou hospital público onde quiserem.”
“Como parte do nosso compromisso com a comunidade, temos aqui uma oferta de cuidados de saúde para quem queira beneficiar, mesmo que nunca venham a ser clientes do hospital privado do Alentejo,” conclui.
Questionado sobre se o facto de o Hospital estar próximo de uma ETAR iria ter algumas complicações a nível de cheiros e de saúde para os utentes, Francisco Miranda Duarte esclareceu que “não tem qualquer espécie de impacto. Foi algo que foi estudado no projeto e foi aprovado por todas as entidades da Câmara e até outras entidades, não condiciona o funcionamento do hospital.”
Questionado sobre o porquê de a Empirica ter escolhido Beja para a instalação do Hospital Privado do Alentejo, Francisco Miranda Duarte referiu que “os principais grupos estão muito concentrados em meia dúzia de mercados e as pessoas do Baixo Alentejo e de Beja não tem necessidades diferentes das pessoas de Cascais ou da Foz, no Porto,” acrescentando que “as necessidades são as mesmas e não estão a ser servidas, e as só tem duas hipóteses: ou têm pior qualidade de vida, porque têm menos cuidados de saúde e menos resposta; ou então tem que ir a Évora, Lisboa ao Algarve, para serem servidas e isso implica custos sociais e económicos grandes”.
“Isso é uma realidade que acontece em Beja e acontece noutros mercados, mas Beja é claramente uma situação em que não há resposta uma zona geográfica muito significativa,” acrescentando que é “não é uma cidade qualquer, é uma capital de distrito, é o centro de uma região muito significativa, nós temos 120 mil habitantes no baixo Alentejo e parece-nos fazer sentido, dada a conjugação das necessidades que existem e da falta de resposta privada que nós temos em Beja”, rematando que Beja “foi um mercado que dos estudos que fizemos nos fez sentido investir, nós estamos aqui para servir as pessoas de Beja da melhor forma possível.”
Questionado se havia preocupação na captação e fixação de médicos no Hospital Privado do Alentejo, Francisco Miranda Duarte refere que “a captação dos médicos é uma preocupação em qualquer hospital” porque “é crítico para o hospital, os médicos são absolutamente fundamentais, mas os enfermeiros também são absolutamente fundamentais” destacando que “os enfermeiros são os que estão lá 24 horas por dia, 7 dias por semana.”
Segundo Francisco Miranda Duarte, “no caso dos enfermeiros temos a sorte de ter uma Escola Superior de Saúde, que faz a graduação de enfermeiros e de outros técnicos superiores de saúde aqui em Beja,” acrescentando que “parece-nos lógico se alguém escolheu vir fazer a sua formação em Beja que possa ter uma probabilidade razoável de querer vir a trabalhar ou pelo menos dar os primeiros passos da sua profissão aqui em Beja.”
Francisco Miranda Duarte revelou que “acho que um protocolo com a Escola Superior de Saúde é algo que está claramente nos nossos planos e que poderá servir bastante esse grupo profissional absolutamente crítico, que são os enfermeiros e os técnicos superiores de saúde, mas os enfermeiros que têm realmente aqui um papel muito muito importante.”
“Sobre os médicos, a capacidade de captar médicos é absolutamente chave para um hospital. A captação dos médicos tem a ver com uma estratégia que nós chamamos a Proposta de Valor para os Médicos, que assenta em várias componentes. Em primeiro lugar a diferenciação clínica, que permite que os médicos façam mais técnicas, que tratem de mais doentes e que também eles próprios se valorizem do ponto de assistencial.”
O segundo componente é a segurança clínica que nós temos na infraestrutura que montamos. A existência dos cuidados intensivos, a existência da unidade de cuidados, de exames endoscópios com recobro próprio, a unidade de cuidados pós anestésicos, junto do bloco operatório, toda a capacidade diagnóstica que existe no hospital, confere a segurança que os médicos procuram, porque a prática médica tem riscos inerente” acrescentando que “este tema da segurança clínica é um tema absolutamente essencial para a captação dos médicos.”
“O terceiro tema que eu diria que é crítico é esta capacidade que nós temos de oferecer o desenvolvimento profissional, não é uma relação meramente transacional, mas é uma relação que tem a ver com um plano de carreira, com plano de desenvolvimento da capacidade dos médicos, que assenta em fellowships com os melhores hospitais do mundo.”
No que diz respeito ao número de camas, Francisco Miranda Duarte refere que “nós vamos ter 30 camas de internamento normal e 7 camas na unidade de cuidados intensivos e intermédios. A unidade de cuidados intensivos intermédios é de geometria variável entre os 4-3 e os 7-0”, (dividindo 4 camas para cuidados intensivos e três camas para cuidados intermédios por exemplo).
E porquê só 30 camas? “Porque efetivamente a angularização (redução) de cuidados é uma tendência absolutamente avassaladora”, dando como exemplo “há 10 anos o meu pai foi operado a uma hérnia, tinha 85 anos, uma condição oncológica, uma condição cardíaca foi operado a uma hérnia de manhã e saiu ao fim do dia, e isto é uma tendência absolutamente avassaladora e a necessidade de camas é cada vez menor,” acrescentando que “mesmo para os procedimentos que exigem camas, a estadia das pessoas no hospital é cada vez menor e por porque os processos terapêuticos são mais acelerados porque é um risco que as pessoas estarem no hospital,” refere Francisco Miranda Duarte.
Segundo o Diretor Executivo e Presidente do Concelho de Administração do Grupo Empírica, “a componente digital permite-nos seguir as pessoas à distância cada vez mais, nomeadamente para pacientes cardíacos existem essas soluções que, em vez de termos as pessoas lá internadas a ser monitorizadas, a medir a tensão, etc , tudo isso pode ser feito à distância e por esse conjunto de razões, o número de camas é adequado e não precisa de ser mais do que este que nós definimos.”