O presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Inácio Esperança, esteve presente na assembleia geral da Associação de Municípios Portugueses do Vinho, em Santarém, que decidiu eleger Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo e Vila Viçosa como “Cidade do Vinho 2025”. E aproveitou a presença dos secretários de Estado da Agricultura e do Turismo para deixar alguns alertas. “O vinho precisa de ajuda, não é só dizer que é um produto de excelência e que se vende muito bem, que é muito bom, ele tem de ser vendido, exportado, e tem de criar riqueza, não sô no restaurante onde é vendido mas também na terra de onde é extraído”.
Em declarações à Rádio Campanário, Inácio Esperança, contou os alertas que deixou aos governantes e realçou que “os produtores e os engarrafadores, os adegueiros, têm um problema em mãos, o do escoamento do vinho. E com algumas dificuldades que surgem com a questão legislativa, (…) os impostos. O vinho foi durante os últimos anos diabolizado, o consumo de álcool foi diabolizado, e obviamente o consumo de álcool não é bom quando é em excesso, mas é excelente quando é moderado. É nisso que devemos apostar e não devemos diabolizar o vinho carregando a sua produção com impostos e não permitindo aos agricultores que retirem uma margem suficiente para manter não só as suas produções como depois os adegueiros e engarrafadores poderem ter algum lucro”.
“Apelei ao secretário de Estado do Turismo que renove a questão da Rota do Vinho, que lhe dê força, que permita que as pessoas circulem por esta Rota, que está um bocadinho parada e é necessário reanima-la”, disse ainda o autarca acrescentado que “há várias Rotas do Vinho em Portugal. a nossa é uma Rota importante — a destes cinco municípios — esperemos que o Governo também olhe para esta situação e que possamos ajudar aqueles que são a nossa maior riqueza, os nossos produtores, aqueles que trabalham a terra, porque sem eles não há vinho”.
Mas, se é verdade que Inácio Esperança está entusiasmado com a vitória da Cidade do Vinho 2025, também não quis deixar de dar “uma palavra para a outra candidatura que não ganhou, Bucelas (Loures). Tinha uma excelente candidatura, espero que ganhe no próximo ano e que possa promover também a Região dos Vinhos de Bucelas”.
E frisa que esta eleição é muito importante para os cinco municípios: “para nos foi muito bom porque calha na antevéspera do Évora Capital Europeia da Cultura, em que temos obviamente muita visibilidade; e procuraremos cada ano que passa termos cada vez mais. E estes cinco municípios estão a tentar construir uma marca em torno da Serra d’Ossa — que é algo que os une — e também dos produtos que aqui são produzidos, produtos da terra. O vinho é um deles, é um produto extremamente importante, de excelência. Temos duas regiões demarcadas à volta da Serra, Redondo e Borba”.
Parceria nos mármores?
Outros dos assuntos que o presidente da Câmara de Vila Viçosa abordou na entrevista à Rádio Campanário foi o da possível parceria entre os vários municípios produtores de mármore. “O Redondo não tem mármore, mas nesse grupo falta adicionar Sousel”. “Estamos a trabalhar em conjunto em várias questões que têm a ver com o mármores, a tentar promovê-lo em Extremoz, em Vila Viçosa e em Borba — que é de facto onde ele é ainda extraído. Vila Viçosa é a zona onde tem as maiores pedreiras activas. Estremoz praticamente, neste momento, não tem pedreiras e Borba terá muito menos do que Vila Viçosa. De qualquer maneira, é um recuso importante que queremos promover”.
Reportagem: Ana Rocha / Texto Carlos Caldeira