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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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“Infelizmente a cannabis está com uma aceitação social e cultural muito forte entre as populações mais jovens, é preciso e urgente combater esse flagelo”, declara Paulo de Jesus do Centro de Respostas Integradas do Alentejo Central (c/som)

O Centro de Respostas Integradas do Alentejo Central acompanha neste momento cerca de 500 utentes toxicodependentes, com idades compreendidas entre os 12 e os 80 anos de idade.

No entanto são números “completamente desfasados da realidade” se pensarmos na problemática do álcool.

Após um percurso de 20 anos de intervenção em dependências, o Centro de Respostas Integradas do Alentejo Central, irá realizar um conjunto de iniciativas comemorativas deste momento para que este trajeto ganhe “outro sentido e dimensão”, e onde se insere a conferência “O princípio, o meio futuro – Modelo de respostas às drogas em Portugal”.

Em entrevista à Rádio Campanário, o coordenador do Centro de Respostas Integradas do Alentejo Central, Paulo de Jesus, começou por explicar que a conferência tem dois grandes objetivos associados, o primeiro é o de lançarmos um programa comemorativo do nosso 20º aniversário, há 20 anos que este serviço dá respostas ao Alentejo Central no que toca à área das toxicodependências e agora mais recentemente às dependências, e o segundo grande objetivo é trazermos a possibilidade de podermos escutar duas grandes referencias a nível nacional nesta área”.

Paulo de Jesus refere que “trabalhar em toxicodependência é como acertar num alvo em movimento, não podemos estar descansados, não há tempo para limpar armas, os desafios são mais que muitos, na área da prevenção, na área do tratamento, na área da reintegração, e neste momento os grandes desafios são sobretudo um trabalho que estamos a fazer de re-apresentação à comunidade, tivemos durante estes últimos 15 anos um trabalho muito direcionado à área dos consumos de substâncias e há dois, três anos para cá, estamos a prestar mais atenção às dependências sem consumo, às dependências de comportamento, como é o caso do jogo, a internet, o sexo, a alimentação, que confirmam também quadros de dependência”.

Paulo de Jesus destaca que no Alentejo Central, o Centro tem como desafio, o álcool e o consumo de cannabis, “infelizmente a cannabis está com uma aceitação social e cultural muito forte entre as populações mais jovens, é preciso e urgente combater esse flagelo”, acrescentando que há cada vez mais jovens em idades precoces a consumir álcool, e que existe “alguma ignorância por parte das famílias no que toca aos riscos das novas dependências”, daí que estejam com desafios “na área da capacitação da comunidade no que toca à preparação que a comunidade tem que ter para ela própria fazer referência a estas questões dos consumos, há um leque de desafios que temos em mãos e obrigam a estar permanentemente atualizados e em intervenção constante na comunidade”.

Sobre os resultados, Paulo de Jesus refere que “são sempre difíceis de medir, sobretudo quando pensamos nestas áreas comportamentais, é sempre difícil perceber até que ponto estamos a ser eficazes, de qualquer das formas pela adesão que estamos a ter, as nossas respostas, nomeadamente ao nível da prevenção, acreditamos estar no caminho certo”.

“A toxicodependência é uma doença crónica (…) para sempre acompanhará o doente, uma vez toxicodependente para sempre toxicodependente, embora num processo terapêutico seja um processo de recuperação, de tratamento na perspetiva do alcance da autonomia do dependente, falar em resultados imediatos, é muito complicado, e por tudo isto, por toda esta complexidade que a toxicodependência encerra, que muito do nosso trabalho, tem sido na área da prevenção”.

Quando questionado sobre o número de utentes acompanhados pelo Centro, refere que estão ativos neste momento “perto de 500, entre adolescentes na casa dos 12 anos de idade a indivíduos na casa dos 70, 80 anos por situações relacionadas com álcool (…) particularmente em relação ao álcool são números completamente desfasados da realidade, uma realidade que transcende em muito essa problemática, Portugal tem cerca de 500 mil portugueses com consumos problemáticos de álcool e destes, há um número significativo que residem no Alentejo, só que a aceitação cultural em volta do álcool faz com que esta seja uma face não visível do problema sentido por todos, nós aceitamos com muita dificuldade uma situação de dependência de uma substancia ilícita, mas aceitamos com muita tranquilidade e naturalidade situações de dependência do álcool”.

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