A integração de migrantes é uma “necessidade efetiva” no concelho de Odemira e já representa “mais de dois terços” do trabalho na área de intervenção social da cooperativa Taipa, sediada neste município do distrito de Beja.
Segundo disse à agência Lusa a vice-presidente da Taipa, Teresa Barradas, a instituição está “muito focada na integração de migrantes porque é realmente uma necessidade efetiva do território”.
“A Taipa sempre esteve muito atenta e na ‘linha da frente’ daquilo que são as necessidades” de Odemira, “em articulação” com diferentes parceiros, acrescentou.
De momento, são vários os projetos da Taipa nesta área, com destaque para o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), que presta informação e apoio descentralizado aos imigrantes que afluem a este concelho do litoral alentejano.
Estes cidadãos são, na maioria, provenientes do Nepal, Índia e Bangladesh e chegam a Odemira para trabalhar nas explorações agrícolas da região, que produzem, sobretudo, hortícolas e frutos vermelhos.
Ao CLAIM, juntam-se ainda os projetos “Giramundo”, focado no “diálogo intercultural” enquanto “veículo de integração”, e “ST-E8G”, destinado a crianças e jovens em situação de exclusão e/ou vulnerabilidade social e/ou descendentes de imigrantes.
Mais recente é o projeto “Mulher a uma só voz”, para o empoderamento de um público “mais invisível”, as mulheres imigrantes.
“Está a ser um trabalho também muito interessante”, reconheceu Teresa Barradas à Lusa.
O Gabinete de Inserção Profissional (GIP) Imigrante, que visa apoiar esta comunidade no seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho, é outro dos projetos da Taipa nesta área.
A cooperativa conta, igualmente, com uma equipa de mediadores interculturais para ajudar os imigrantes nos serviços públicos e promove cursos de português como “língua de acolhimento”.
Teresa Barradas explicou que, em todos estes projetos, a Taipa aposta na “proximidade”, uma forma de trabalhar que a pandemia “veio abanar um bocadinho”.
Em 2021, a 29 de abril, foi decretada uma cerca sanitária em duas freguesias do concelho de Odemira, devido à elevada incidência de casos de covid-19 entre trabalhadores imigrantes de explorações agrícolas.
A cerca sanitária, que entrou em vigor em 30 de abril e foi levantada às 00:00 do dia 12 de maio de 2021, colocou o concelho sob os ‘holofotes’ mediáticos, devido às condições desumanas em que muitos imigrantes viviam, sobretudo trabalhadores temporários em campanhas agrícolas de empresas de hortícolas e de frutos vermelhos.
Uma situação que causou “algum desconforto social” entre locais e migrantes, reconheceu a vice-presidente da Taipa.
“Mas aquilo que vejo, neste regressar [à normalidade] que estamos a ter, é uma aceitação clara” dos migrantes pela comunidade local, que “tem sido tolerante e respeitosa”, disse.
C/ Lusa