Foi encontrado recentemente, no sótão de um colecionador particular de Vila Viçosa, um quadro assinado por João Maria Espanca, datado de 1927. Segundo o investigador de história local, Tiago Salgueiro, após o diagnóstico do estado da obra, será desenvolvida uma campanha de recolha de fundos para levar a cabo o restauro deste retrato, pintado sobre madeira, com cerca de 70cm por 80cm, cujo proprietário acredita representar Florbela Espanca.
Em declarações à Rádio Campanário, Tiago Salgueiro revela que “neste momento a obra encontra-se a ser avaliada pela conservadora-restauradora Ana Barradas”, que “está a fazer um diagnóstico muito detalhado em relação aos problemas e às patologias que se encontram nesta parte da imagem, sobretudo na face da retratada e pensamos que, no prazo de uma a duas semanas, já teremos uma avaliação sobre os problemas concretos”.
O objetivo é “avançar para uma intervenção em termos de restauro”. Para isso “vamos precisar do apoio de todos, para tentar, através de uma campanha de crowdfunding, restaurar aquilo que poderá vir a ser o primeiro objeto da Casa-Museu Florbela Espanca”, anuncia o investigador.
Tiago Salgueiro salienta que “existem alguns problemas a nível de humidade” e apesar do proprietário acreditar que a pessoa retratada seja a poetisa calipolense, destaca que “para nós, em termos do projeto, aquilo que é relevante, é o facto de o quadro estar assinado por João Maria Espanca”, pai de Apeles e Florbela Espanca.
Pois, o autor, pintor, fotógrafo, antiquário e colecionador, “tinha também uma relação muito próxima com o Rei D. Carlos” e “era de facto um representante cultural em Vila Viçosa, durante a transição do séc. XIX para o séc. XX”.
No futuro, “poderá haver, no caso de o projeto avançar, uma cedência temporária ou definitiva” desta e de outras obras, para que se possa “expor para a comunidade e para todos aqueles que nos visitam estas obras que são de facto relevantes e que nos remetem para esse universo da família Espanca, que era uma família de artistas”, sublinha Tiago Salgueiro.
O investigador, responsável por uma petição pública pela criação da Casa-Museu Florbela Espanca, espera ainda que “possa haver um acordo entre as diferentes partes”, nesse sentido, pois “trabalhar em rede é o segredo”.