A Câmara de Beja vai investir 1,3 milhões de euros para valorizar e tornar visitável o fórum romano da cidade, composto por vários vestígios arqueológicos, como os do maior templo da época descoberto em Portugal.
“É uma tremenda mais-valia para Beja e uma daquelas obras que acrescenta imenso” à cidade, ao concelho e ao Baixo Alentejo, disse hoje à agência Lusa o presidente do município, Paulo Arsénio.
Trata-se da obra de valorização do Fórum Romano de Beja, a designação do núcleo arqueológico situado num logradouro entre a Praça da República e as ruas Abel Viana, da Moeda e dos Escudeiros, e composto por vários vestígios, com destaque para dois templos romanos.
De acordo com a arqueóloga Conceição Lopes, um dos templos, dedicado ao culto imperial, terá sido construído na época do imperador Tibério, de 14 a 37 do século I d.C., e é o maior descoberto em Portugal e um dos maiores da Península Ibérica.
O outro é o primeiro templo do fórum de Beja correspondente à fundação romana e datado do início do último quartel do século I a.C., no tempo do primeiro imperador romano, Augusto.
Segundo o autarca, a obra tem “uma importância extraordinária”, porque vai permitir “tornar visitável um núcleo central da cidade de Beja”, que “tem estado em processo de escavações há mais de 10 anos”.
“Pela primeira vez” e “finalmente”, frisou, uma obra vai permitir valorizar, consolidar e garantir a “sobrevivência” das estruturas dos vestígios e tornar o núcleo visitável.
Paulo Arsénio considerou “muito importante e decisivo” o trabalho de consolidação e salvaguarda das estruturas, “tão valiosas do ponto de vista histórico, patrimonial e arqueológico”.
Isto porque, “há mais de uma década, estão sujeitas às mais diferentes variações climatéricas de verão e inverno”, correndo-se “o risco de várias poderem perder-se”, vincou.
A obra, num investimento de 1.323.000 euros, financiado em 85% por fundos comunitários e em 15% pela autarquia, irá tornar o núcleo “um recurso turístico valioso a favor da cidade de Beja”, frisou.
“E também científico, porque, depois de estabilizado, nada impede que continuem a fazer-se escavações, mas já com estruturas salvaguardadas”, o que, atualmente, “não acontece”, sublinhou.
A obra vai incluir também a construção de uma infraestrutura para permitir a visita ao núcleo, com uma arquitetura “minimalista” e que não se sobrepõe à importância dos achados arqueológicos, o que se pretende “valorizar e destacar”, explicou.
A ideia é ter “um local de acolhimento, de visitação, ainda que minimalista, agradável, confortável, a partir do qual as pessoas possam partir para uma visita ao espaço que lhes permita ter a noção da importância do conjunto do fórum”, frisou.
Segundo o autarca, a Câmara de Beja já adjudicou a obra à única empresa que concorreu e venceu o concurso público, seguindo-se a assinatura e o posterior envio para visto pelo Tribunal de Contas do contrato de consignação.
“É natural que ocorram sempre alguns atrasos”, sobretudo “numa fase em que o fornecimento de materiais está a ser muito difícil e muito demorado”, mas, “mesmo com algum atraso”, “a expectativa” do município é a de que a obra, prevista durar nove meses, comece ainda este ano e termine até ao final de 2023, disse.
Após obter o visto do Tribunal de Contas, o município irá contratar o projeto para criação e instalação do percurso interpretativo do núcleo, cujo investimento ainda não está definido, rematou.