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João Rendeiro detido pela Polícia Judiciária

O ex-banqueiro João Rendeiro, sobre quem pendia um mandado de detenção internacional, foi hoje detido na África do Sul, anunciou o diretor nacional da Polícia Judiciária.

Luís Neves adiantou que João Rendeiro foi detido hoje, às 07:00 locais (05:00 em Lisboa) na República da África do Sul, onde chegou no dia 18 de setembro, adiantando que o ex-banqueiro reagiu com surpresa à detenção “porque não estava à espera”.

O objetivo agora é “decretar o cumprimento da prisão” do ex-banqueiro, disse Luís Neves, em conferência de imprensa, na sede da PJ, em Lisboa, adiantando que o ex-banqueiro será presente a tribunal nas próximas 48 horas.

Questionado sobre quando deverá entrar em Portugal, o diretor nacional da PJ afirmou que “esse é um assunto que agora compete às autoridades judiciais da República da África do Sul”.

Sobre a reação de João Rendeiro quando foi detido, disse que “reagiu surpreso porque não estava à espera”.

“João Rendeiro dizer que não está fugido é patético, no mínimo, porque são conhecidos vários locais, várias cidades onde andou para se esconder e para dificultar o cumprimento desta detenção”, salientou.

Se não estava fugido “só tinha de dizer onde é que estava e tomar a iniciativa”, disse, revelando que João Rendeiro não usava nenhum disfarce, “mas tinha muitos cuidados e não circulava livremente por sua intenção, naturalmente, nesse país”.

Na conferência de imprensa, o diretor nacional da PJ relatou os passos que foram dados até à detenção do ex-banqueiro, afirmando que foi descartada a saída “desta pessoa procurada” em 14 de setembro do Reino Unido.

“Temos a informação e a perceção de por onde passou até chegar à República da África do Sul” e “conseguimos ir encurtando o caminho de encontrar esta pessoa”, salientou.

“João Rendeiro entrou na África do Sul no dia 18 de setembro, o que significa que quando na detenção da esposa foi referido como sendo o país de destino e o país onde se encontraria era uma informação que já tínhamos há bastante tempo, sendo certo que também recolhemos informação de que poderia haver ali saídas e entradas nos países de fronteira”, relatou Luís Neves.

A Polícia Judiciária estabeleceu contactos com os colegas, em sede de Cooperação Policial Internacional, da África do Sul, com que foi trabalhando e, além da emissão do mandado de detenção, foi emitido um documento pela Procuradoria-Geral da República de sustentação para juridicamente poder validar mais tarde a extradição, quando fosse detido.

Na semana de 20 a 24 de novembro, a PJ reuniu-se com os seus parceiros e com os mais altos dirigentes policiais da República da África do Sul, onde explicou “o quão importante e o quão grave tinham sido os crimes cometidos por esta pessoa”.

“Tivemos a pronta resposta do mais alto dirigente desta Polícia Central que nos disse que iria empenhar todos os meios os melhores meios para poder detetar e deter esta pessoa, o que aconteceu hoje às 07 da manhã na República da África do Sul”, salientou Luis Neves,

Agora, avançou, decorrerá o mecanismo legal de apresentação do detido às autoridades judiciárias.

“Nós iremos enfatizar o facto de esta pessoa ter uma grande capacidade económica e essa capacidade económica lhe dar grande mobilidade e de fuga” como o próprio já admitiu publicamente, referiu, lembrando que João Rendeiro não tem intenção de se apresentar “às autoridades portuguesas ou aos tribunais portugueses”.

Luís Neves assegurou que tudo farão para que “a justiça seja materializada nesta parte final”.

“A investigação foi nossa” houve “várias acusações por parte do Ministério Público, há várias condenações e naturalmente essas condenações é o decretar da prisão ou cumprimento de prisão e é isso que nós pretendemos fazer”, sustentou.

João Rendeiro, que em 28 de setembro foi condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva num processo por crimes de burla qualificada, estava no estrangeiro e em parte incerta, fugido à justiça.

As autoridades portuguesas já tinham emitido dois mandados de detenção, europeu e internacional, para o antigo presidente do BPP, para que o ex-banqueiro cumpra a medida de coação de prisão preventiva.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, assim outro um processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancárias.

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