A escritora Julieta Monginho venceu por unanimidade o Grande Prémio de Romance e Novela 2021 da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pela obra “Volta ao mundo em vinte dias e meio”, foi hoje anunciado.
O júri justificou a escolha com “o modo exímio” como o romance “Volta ao Mundo em Vinte Dias e Meio” “concebe e articula uma narrativa compósita, através da justa articulação de diferentes planos e registos de linguagem, mantendo grande coesão e dinâmica narrativa”.
“Dos temas mais universais, como o amor e a morte, aos mais prementes e atuais, como a reformulação do conceito de família e suas implicações no universo da infância versus mundo dos adultos, o romance desenvolve uma trama original onde a articulação entre a literatura e a pintura, o mundo da pequena aldeia alentejana e o da grande cidade europeia (Amesterdão), o do grande museu e o da literatura oral e tradicional ultrapassa o tratamento mais comum, vindo a constituir um espaço textual onde as próprias figuras transpõem o estatuto de personagens”, refere a ata.
O júri considerou ainda que a obra de Julieta Monginho “imprime uma dimensão inovadora no atual panorama literário do romance português”, pelo “modo criativo como concebe e dá forma à narrativa”.
Esta é a segunda vez que Julieta Monginho conquista o Grande Prémio da APE, depois de ter sido distinguida pelo romance de 2008, “A Terceira Mãe”.
A obra “Volta ao mundo em vinte dias e meio” foi escolhida de um conjunto de 57 livros admitidos a concurso, superando ainda a lista de cinco finalistas, anunciada em junho, que também incluia “Sinopse de Amor e Guerra”, de Afonso Cruz, “Maremoto”, de Djaimilia Pereira de Almeida, “Embora Eu Seja Um Velho Errante”, de Mário Cláudio, e “O Regresso de Júlia Mann a Paraty”, de Teolinda Gersão.
O Grande Prémio de Romance e Novela/2020, da Associação Portuguesa de Escritores, instituído em 1982, conta com o apoio da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, e tem um valor pecuniário de 15.000 euros.
A atual edição do prémio contou ainda com os apoios da Câmara Municipal de Grândola, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Instituto Camões.
O júri desta 40.ª edição foi composto por José Manuel de Vasconcelos, Carlos Nogueira, Helena Carvalhão Buescu, Fernando Batista, Maria Etelvina Santos e Rita Marnoto.
No ano passado a obra vencedora foi “Contra mim”, de Valter Hugo Mãe.
Teolinda Gersão, Hélia Correia, H.G. Cancela, Paulo Varela Gomes, Alexandra Lucas Coelho, Gonçalo M. Tavares, Rui Cardoso Martins, Filomena Marona Beja, Francisco José Viegas, Vasco Graça Moura, Mafalda Ivo Cruz, Lídia Jorge, Maria Velho da Costa, Fernanda Botelho, Rui Nunes, Augusto Abelaira, Mário de Carvalho, Vergílio Ferreira, Helena Marques, José Saramago, Paulo Castilho, João de Melo, Vergílio Ferreira e David Mourão-Ferreira são outros autores com obras distinguidas com o Grande Prémio de Romance e Novela da APE.
Mário Cláudio soma três Grandes Prémios de Romance e Novela, por “Amadeo” (1984), “Retrato de Rapaz” (2014) e “Tríptico da Salvação” (2020).
Agustina Bessa-Luís, António Lobo Antunes, Ana Margarida de Carvalho e Maria Gabriela Llansol receberam por duas vezes o galardão.
Na primeira edição, o Grande Prémio de Romance e Novela foi atribuído a José Cardoso Pires, por “Balada da Praia dos Cães”, obra publicada em 1982.
Imagem: Associação Portuguesa de Escritores