O presidente da Comissão Política Distrital de Portalegre do PSD, Cristóvão Crespo, considerou hoje que “não faz muito sentido” discutir a liderança de Rui Rio, um dia após as eleições legislativas terem ocorrido.
“Eu penso que não faz muito sentido nós estarmos nesta altura, imediatamente a seguir às eleições, perante um resultado desta latitude, estarmos já a dizer que vamos mudar de líder ou que deixamos de mudar de líder”, disse o dirigente partidário, em declarações à agência Lusa.
Para o presidente da Comissão Política Distrital de Portalegre do PSD, é “cedo” para efetuar “conjeturas” em relação ao futuro do partido, defendendo, inicialmente, que deverá ser feita uma reflexão interna sobre os resultados eleitorais de domingo.
“Nós nesta altura temos de analisar, penso que ainda é cedo para nós estarmos a lançar e a fazer conjeturas em relação ao futuro. Primeiro que tudo, temos que refletir sobre o que aconteceu, em conjunto, independentemente, depois, de cada um fazer as suas próprias reflexões, tirar as suas conclusões”, acrescentou.
Na noite de domingo, Rui Rio abriu a porta à saída da liderança do PSD, cargo que ocupa desde janeiro de 2018, caso se viesse a confirmar a maioria absoluta do PS nestas eleições legislativas (o que aconteceu), considerando que dificilmente será útil nessa conjuntura, sem, contudo, verbalizar explicitamente a sua demissão nem adiantar que passos irá dar internamente.
“Particularmente se se confirmar que o PS tem uma maioria absoluta – tem, portanto, um horizonte de governação de quatro anos –, eu sinceramente não estou a ver como é que posso ser útil neste enquadramento”, declarou Rui Rio.
Em relação ao distrito de Portalegre, onde o PS voltou a conquistar os dois mandatos que estão atribuídos a este círculo eleitoral, Cristóvão Crespo lamentou o “mau resultado” alcançado pelo PSD.
“Dizer de imediato que vou colocar o lugar à disposição, não o farei, até porque primeiro tenho que reunir com a comissão política distrital e só depois de ouvir a comissão política distrital e os restante órgãos do partido é que, eventualmente, tomarei uma posição”, disse.
“Vamos avaliar essa situação, mas para já a minha inclinação é manter o mandato até ao final, não vejo motivos para, de facto, colocar o lugar à disposição”, acrescentou.
O PS alcançou a maioria absoluta nas legislativas de domingo e uma vantagem superior a 13 pontos percentuais sobre o PSD, numa eleição que consagrou o Chega como a terceira força política do parlamento.
Com 41,7% dos votos e 117 deputados no parlamento, quando faltam atribuir apenas os quatro mandatos dos dois círculos da emigração, António Costa alcança a segunda maioria absoluta da história do Partido Socialista, depois da de José Sócrates em 2005.
O PSD ficou em segundo lugar, com 27,80% dos votos e 71 deputados, a que se somam mais cinco eleitos em coligações na Madeira e nos Açores, enquanto o Chega alcançou o terceiro lugar, com 7,15% e 12 deputados, a Iniciativa Liberal (IL) ficou em quarto, com 5% e oito deputados, e o Bloco de Esquerda em sexto, com 4,46% e cinco deputados.
A CDU com 4,39% elegeu seis deputados, o PAN com 1,53% terá um deputado no parlamento, e o Livre, com 1,28% também um deputado. O CDS-PP alcançou 1,61% dos votos, mas não elegeu qualquer deputado.
C/Lusa
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