Foi apresentado, no passado sábado (29 de setembro), o livro “Retratos do Paço Ducal de Vila Viçosa”, o sexto volume da Coleção Muitas Cousas, promovido pela Fundação da Casa de Bragança.
Em declarações à Campanário, o presidente do conselho administrativo da Fundação, Alberto Ramalheira, sublinha que o trabalho ali aprestado vem “valorizar todo um património que temos aqui e que, muitas vezes, não damos conta do que ele significa”.
“Temos agora mais elementos para que quem nos visita possa melhor apreciar esta riqueza artística e histórica que temos”, sublinhou o responsável mostrando a sua satisfação perante o contributo da obra para com o espaço museológico da Fundação.
Para além desse registo enquanto “valor histórico e artístico”, o livro tem outra “função importante”, disse Alberto Ramalheira, pois constitui “mais elementos para que quem nos visita possa apreciar esta riqueza artística e histórica que temos” e nesse sentido surge como forma de “divulgação e de fazer nascer a curiosidade, interesse e o desejo de virem visitar”, acrescentou.
Também a esta estação emissora, Maria de Jesus Monge, diretora do Museu-Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, esclarece que em estudo esteve, desta vez, a imponente galeria de quadros da Sala dos Duques que, no entanto, “tinha mais dúvidas do que certezas em torno da sua criação original”.
É nesse sentido que que surge a apresentação dos vários volumes da Coleção Muitas Cousa, precisamente para aprofundar temas que “por varias razoes não têm sido alvo de estudos pelos investigadores”, dúvidas como, neste volume, o porquê da galeria de quadros “ter sido colocada aqui em Vila Viçosa e, sobretudo, o porquê da escolha de determinados atributos”, como um pintor italiano para realização dos retratos ducais.
Ainda assim, “os autores [da galeria] não se limitaram a trabalhar esses conjuntos”, quer isso dizer que realizaram “outras series de retratos também aqui no Paço”, algo que a “rigorosa investigação” desenvolvida ao longo desde últimos dois anos permitiu aprofundar, explicou.
Já Susana Flor, autora do livro, explica que o trabalho desenvolvido procura o “equilíbrio entre o valor científico e o que vai ser lido pelo público”, de modo a ser apresentado “quase como um roteiro”.
Deste modo, a autora revela uma especial “preocupação em ligar a história da personagem à imagem” retratada na galeria, o que permite que a pessoa “venha, veja os retratos e perceba a história”.
Também autor do livro, Pedro Flor, explicou à RC que através do estudo das galerias é possível saber “mais e melhor sobre aquilo que é a vivência do Paço e das próprias obras”, daí os autores terem decidido alargar o estudo às “artes decorativas”, como o azulejo ou gravuras.
Recorrendo a “fontes primárias” presentes no Museu-Biblioteca, ou a estudo sobre matérias interligadas é possível “saber os autores, os contextos históricos e culturais ou a viagem das peças”, precisou o autor, sublinhando que “há questões que ficaram em aberto”, pois este é “apenas o primeiro estudo sobre a matéria”, disse.
Também a na apresentação do livro, Vítor Serrão, que apresentou o livro ao público presente, explica que este trabalho vem “reabilitar um capítulo que não era, propriamente, muito destacado pela história da arte”, o retrato artístico em Portugal.
Embora ainda algo encoberto, “Portugal tem um excelente património de retrato de vários períodos”, exemplo disso é o Paço Ducal de Vila Viçosa onde estão “alguns dos melhores retratos do património português”.
Nomes como Domenico Duprà ou Avelar Rebelo, históricos pintores, um italiano, outro português e ao serviço do Rei D. Carlos, elaboraram trabalhos em variadas técnicas que hoje constam no acervo museológico do Paço Ducal. É nesse âmbito que surge o sexto volume de Muitas Cousas, vem “contar a história e criar uma ferramenta de guia turístico que faltava” no âmbito do retrato artístico.
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