O maior evento da indústria de viagens e turismo com vista a um futuro mais sustentável vai decorrer em Évora a 17 e 18 de setembro. Há 40 países que se vão representar, estão convidados 46 ministros e vários CEO. “O turismo vai recuperar, de certeza. Mas a forma de viajar irá mudar.”
Os principais líderes e gestores de topo da indústria de turismo e viagens de todo o mundo vão estar reunidos Évorano com o objetivo de definir um plano de ação e compromissos concretos a seguir até 2023 para um turismo mais sustentável num futuro próximo. A reflexão envolve desde questões associadas às alterações climáticas até à “grande transformação” que terá de haver no negócio turístico, aberta com a crise da pandemia covid-19.
Contando com 140 oradores internacionais, que são especialistas em áreas de turismo sustentável, e 350 participantes presenciais de mais de 40 países (a lotação máxima permitida nestes tempos de covid), a conferência mundial “A World for Travel – Évora Forum” vai realizar a sua primeira edição na Universidade de Évora a 17 e 18 de setembro.
“Temos mais de 20 ministros confirmados na conferência em Évora e estamos a convidar mais 26 ministros com responsabilidade nas áreas do turismo e viagens a participar”, adianta Christian Delom, secretário-geral da organização A World for Travel, frisando serem esperados os CEO das principais multinacionais hoteleiras e todas as organizações internacionais que representam “a energia viva da indústria do turismo e viagens”.
A conferência em Évora pretende ser um marco a nível de turismo sustentável, reunindo os stakeholders dos sectores públicos e privados da indústria turística – e mais do que alertar para as transformações que se perfilam urgentes no sector, o objetivo é definir um plano de ação com princípios que todos se vão comprometer a seguir, segundo frisa Christian Delom.
“A pandemia está a revelar, e a acelerar, todas as tendências que já tínhamos visto antes no sector de turismo e viagens”, sustenta Christian Delom. “Precisamos de mudar, de chegar a uma forma de se poder fazer turismo sem destruir o planeta. As pessoas precisam de viajar, mas irão fazê-lo de forma diferente”, destaca.
“A recuperação do sector de turismo e viagens está a chegar – muito devagar”, sustenta Christian Delom, frisando que o processo de mudança no sector está intimamente ligado ao início da recuperação de um sector brutalmente afetado pelos impactos da pandemia sanitária, mas com a mensagem clara de que “a transformação é possível”.
Na conferência de turismo sustentável está confirmada a presença de Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, de Zurab Pololikashvili, secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), ou de Jean-Baptiste Lemoyne, secretário de Estado do Turismo em França, entre vários outros responsáveis.
“Precisamos de ter toda a indústria reunida e que toda a gente fale em conjunto para encontrar soluções, é urgente para nós termos de agir e fazer uma transformação com vista a salvar o planeta – e também a salvar as viagens”, frisa Christian Delom. Christian Delom, secretário-geral de A World for Travel, frisa que a transformação da indústria de viagens “é urgente mas possível” e que os caminhos a seguir serão traçados na conferência em Évora
“Não vamos fazer a conferência nos Estados Unidos nem em Espanha mas num local de escala humana. Escolhemos o Alentejo por estar muito próximo dos valores que queremos transmitir”, faz notar o organizador.
Lembrando que a conferência de turismo sustentável tinha sido planeada antes da pandemia, numa altura em que o que estava à mesa eram temas relacionados com excesso de turismo e os efeitos nocivos nas cidades, a par dos impactos ambientais, Delom refere ainda que o repto de a realizar em Portugal foi feito por Ana Mendes Godinho, na altura em que era secretária de Estado do Turismo (e atualmente ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social).
“A recuperação do sector de turismo e viagens está a chegar, de forma muito devagar”, sustenta Christian Delom, frisando que o processo de mudança está intimamente ligado ao início da recuperação de um sector brutalmente afetado pelos impactos da pandemia sanitária.
“O turismo e as viagens de lazer vão recuperar, de certeza. Mas a forma de viajar vai mudar e com isso também tem de se transformar todo o modelo de negócio. Vamos viajar tantas vezes quanto o fazíamos anteriormente? Não sei”, declara Christian Delom, referindo que, tendencialmente as pessoas ficarão mais tempo no destino (duas a três semanas, em vez de só um fim de semana), o que levará a uma diminuição das viagens em volume.
“A razão original de viajar era a descoberta e a partilha de culturas. E uma grande parte das pessoas está agora a considerar viajar dessa forma”, constata o secretário-geral de A World for Travel, adiantando que a tendência também passará por pagar taxas ambientais para viajar. “A equação económica do negócio vai ter de mudar, até aqui o modelo era vender grandes volumes para conseguir esmagar os preços”, sublinha ainda o organizador da conferência.
“Durante esta pandemia, vimos que podemos agir de forma diferente. É importante perceber que caminhos devemos seguir e como podemos avançar se queremos fazer face à maior transformação de sempre que é necessária na indústria de turismo e viagens. É tudo isto que iremos decidir em Évora”, frisa Christian Delom.
À mesa em Évora estará também a discussão de temas ambientais que já eram prementes antes da pandemia, sobretudo associados às emissões de carbono nas viagens geradoras de alterações climáticas. “E continuamos a assistir a estes efeitos, com as vagas de calor e os incêndios na Grécia”, nota Delom.
Entre os 140 oradores confirmados para a conferência o destaque vai para Mike Horn, aventureiro e especialista em sobrevivência, globalmente reconhecido como um dos maiores exploradores da atualidade, com uma apresentação designada “Courage and Perseverance in Difficult Times”.
Apesar de os participantes presenciais serem limitados a 350, devido às circunstâncias da pandemia, a conferência em Évora será transmitida online em direto de forma gratuita, prevendo-se que atinja 15 mil pessoas.
Os bilhetes para os dois dias do congresso custam 95 euros por pessoa e “parte significativa da receita das inscrições reverterá para a Rota Vicentina e as Aldeias Históricas de Portugal, organizações turísticas comprometidas com a sustentabilidade”, segundo frisa a organização.
O evento é organizado pelo Eventiz Media Group, o maior grupo de media em França no sector, em parceria com o Global Travel & Tourism Resilience Council, e conta com o apoio do Turismo de Portugal, da Organização Mundial do Turismo (OMT) e da World Travel and Tourism Organization (WTTC).
Fonte: Expresso