O Cinema Fulgor, uma produção Entre Imagem, apresenta, para o mês de abril, a sessão de cinema Fulgor 7, com María Rojas e Andrés Jurado, membros do coletivo La Vulcanizadora, que nos trazem filmes que ativam memórias da resistência rural na Colômbia. As sessões terão lugar em Ferreira do Alentejo, dia 13, Mértola, dia 14, e São Luís, no dia 16.
María Rojas e Andrés Jurado, membros do coletivo La Vulcanizadora, trazem-nos filmes que ativam memórias da resistência rural na Colômbia. Herdeiros de um cinema militante, coletivamente ou em nome próprio, vão tecendo os seus filmes com a matéria que desenterram de arquivos históricos intencionalmente ocultados, revoluções de um só dia, assombramentos, canções e as múltiplas temporalidades de um território perturbado por um conflito duradouro.
FULGOR # 7
María Rojas e Andrés Jurado
La Vulcanizadora
Ferreira do Alentejo
Centro Cultural Manuel da Fonseca
Quarta-feira, 13 de abril 2022, 21h
Mértola
Cineteatro Marques Duque
Quinta-feira, 14 de abril 2022, 21h
São Luís
Cultivamos Cultura
Sábado, 16 de abril 2022, 18h
FU
María Rojas e Andrés Jurado
(2019) Colômbia
16mm transferido para HD, p&b/som, 9 min
Fu é o deus dos sonhos na cosmogonia Muisca, que era adorado na grande ilha da lagoa “Fúquene”, que significa “o leito do deus Fu”. Esta lagoa situa-se a 116 quilómetros de Bogotá e tende a desaparecer. Aqueles que aqui nasceram, rodeados pelo “junco” e pela “enea” (plantas que crescem na lagoa), dedicaram as suas vidas a tecê-las.
EL RENACER DEL CARARE
Andrés Jurado
(2020) Colômbia
16mm transferido para HD, p&b/cor/som, 21’01”
El Renacer del Carare é um guião de 19 páginas para um diaporama feito por volta de 1987 pela Associação dos Trabalhadores Rurais de Carare (ATCC) e pela CELA Productions. O seu objetivo fundamental era tornar-se um manifesto audiovisual sobre o projeto de vida desta associação. No entanto, o projeto parece ter ficado inacabado: não existem cópias dos diapositivos nem vestígios da cassete de áudio no arquivo conservado pela ATCC, e os seus associados pouco ou nada se recordam. Este filme retoma o guião técnico e dá-lhe vida através de um filme em 16mm, num gesto de recomposição e extensão deste processo de memória histórica.
ABRIR MONTE
María Rojas
(2021) Colômbia, Portugal
16mm transferido para HD, p&b/som, 25’47”
A 19 de Julho de 1929, numa povoação da Colômbia, um grupo de sapateiros lutou para melhorar as condições de vida e de trabalho no país. Chamavam-se a si próprios “Los Bolcheviques del Líbano Tolima”. A sua revolução durou apenas um dia, e os seus vestígios foram quase completamente apagados. As mulheres desta aldeia partilham com Aura, uma avó anarquista, o sentimento de que a sua rebelião ainda está em curso.
SIGUIENDO EL CORTE
María Rojas e Andrés Jurado
(em curso) Colômbia
16mm/HDV, p&b/som, 40′
Um homem no chão, moribundo e repleto de tiros, repete o seu próprio nome. No exterior do bar, um esquadrão de polícias e de mercenários circunda a rua. Como diz a canção: “A guerra é como um rio onde não se consegue ter pé: é preciso avançar, tentando chegar a qualquer margem”.
Trata-se de um documentário expandido que traz para o presente a memória dos guerrilheiros liberais das planícies colombianas e a sua deposição de armas em 1953, encenando com música ao vivo, materiais sonoros e cinematográficos, e histórias recolhidas por diferentes autores, sobretudo pelo sociólogo Alfredo Molano, no final dos anos 80, no seu livro “Siguiendo el corte, relatos de guerras y de tierras”.
O CINEMA FULGOR é um cinema com raízes móveis, itinerante pela constelação espacial do Baixo Alentejo. Cinema composto e semente, pretende participar na construção de uma ruralidade viva e autónoma, convocar e nutrir as diversas e dispersas comunidades, propondo o cinema enquanto experiência comunal e ecológica.
C/DRCA