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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

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“Mercado de Estremoz abastece 90% dos ingredientes da nossa cozinha”, diz Chef do restaurante The Folly (C/SOM E FOTOS)

The Folly é o restaurante da adega Howard’s Folly, situado no centro da cidade de Estremoz que reabriu há poucas semanas, após terem sido obrigados a fechar portas devido à COVID-19 e ao Estado de Emergência, isto apenas 12 dias após o restaurante ter aberto portas pela primeira vez.

Aos microfones da Rádio Campanário, o Chef Hugo Bernardo admitiu que “foi um desafio”, pois “nada previa que ia acontecer”.

“Foram 12 dias de muito trabalho e que estão a compensar agora, porque passámos a palavra que estávamos abertos, com um conceito novo e um espaço completamente diferente aqui em Estremoz, mas foi um desafio e uma aventura. Ninguém estava à espera que isto fosse acontecer e mandou-nos um bocadinho abaixo e o futuro era uma incógnita porque tínhamos acabado de abrir o restaurante. Mas tudo se compôs e estamos num bom caminho. Fomos bem aceites pela comunidade e esperamos continuar”.

O Chef contou que na semana antes da COVID-19 ter surgido em Portugal, “tivemos muita boa aceitação e procura em termos locais, tivemos muitos estrangeiros residentes no Alentejo que também vieram ao nosso espaço. Os hotéis locais e os turismos rurais também souberam da nossa existência e vieram experimentar e começaram a sugerir aos clientes o nosso restaurante. Por isso, esses 12 dias permitiram-nos fazer uma boa base. Eles [os turistas] estão a continuar a procurar e a descobrir “The Folly”. A comunidade local aceitou-nos bem e procurou-nos”.

Hugo Bernardo referiu que durante a fase de confinamento “fechámos o restaurante, mas não ficámos em lay-off. A entidade patronal foi extramente benévola e manteve-nos com o salário normal. Continuámos a exercer trabalhos de aperfeiçoamento de cartas e a ajudar na adega, que também não estava aberta ao público. De certa forma, continuámos a aperfeiçoar aquilo que nos 12 dias não deu para fazer – melhoramento de cartas, estudar mais os vinhos que temos e ir às vinhas”.

Com o pós-confinamento e a reabertura do restaurante, o Chef do The Folly admite que “nas primeiras duas semanas, sentimos um pouco de receio das pessoas”. Mas, “nota-se agora, e também devido ao nosso espaço ser amplo, aberto e arejado e também o facto de termos reduzido bastante a nossa ocupação, as pessoas já estão mais recetivas a sair. Ainda há algum receio, mas as pessoas têm sido respeitadoras e temos todas as medidas necessárias para a prevenção e controlo. Temos tido muita a gente a vir ao restaurante, por isso nota-se que há um bocado “mais à vontade” para vir conhecer o espaço”, salientando que “temos um aumento de clientes na ordem dos 50%, face à primeira semana depois do confinamento”.

Quanto à comida, Hugo Bernardo diz que “A nossa cozinha baseia-se no uso do produto local. Tudo o resto é o reflexo do meu percurso como cozinheiro e do meu percurso de gestão hoteleira. A especialidade é basicamente o enaltecer do produto local, por isso, varia entre a carne alentejana, o gaspacho, que será se calhar um ícone, porque é um gaspacho já mais desconstruído, mais criativo, usando umas texturas diferentes, mas tudo o resto aqui é uma especialidade, é tudo feito com ingredientes locais, do Mercado de Estremoz. Há algumas coisas mais técnicas e específicas que não existem, mas diria que o gaspacho e o nosso camarão enrolado numa massa muito fininha com uma maionese de ervas são dois marcos do nosso restaurante”. Os ingredientes são, na sua esmagadora maioria, “tudo comprado no Mercado de Estremoz. Basicamente frutas, legumes, carnes, queijos, enchidos, azeite. Basicamente, diria que 90% da nossa carta é comprada no Mercado de Estremoz”.

Como fator diferenciador do restaurante, o chef sublinha que “acho que é um serviço sem grandes pretensões, sem grandes modernices. É a pessoa vir e sentir-se em casa. Experimentar bom vinho, visto que somos produtores de vinho. Acho que a nossa diferença é o facto das coisas serem como se estivéssemos em casa, para estar a relaxar e disfrutar e não propriamente mais um restaurante cujo objetivo é “encher”, mas sim que as pessoas tenham uma ótima experiência quer a nível gastronómico, quer naquela que é a nossa mais valia, que é a produção de vinho”.

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