Ao viajar pelas encantadoras cidades históricas do Alentejo, a maior região de Portugal, é fundamental deixar a pressa de lado. Esta região, conhecida pelas suas paisagens serenas e pela riqueza da sua gastronomia, convida os visitantes a desfrutarem de cada momento com tranquilidade e a absorverem a beleza envolvente com calma e paciência.
O Alentejo é uma terra de contrastes suaves: desde as vinhas que se estendem até ao horizonte, passando pelas aldeias medievais cercadas por muralhas, até às paisagens bucólicas que parecem congeladas no tempo. Para muitos portugueses, esta região é sinónimo de descanso e de uma vida simples no campo. A viagem desde Lisboa é rápida e simples, cruzando a ponte sobre o Tejo e, em cerca de uma hora e meia, chegam-se às estradas planas que serpenteiam por paisagens deslumbrantes, onde o aroma de alfazema, vinhas e olivais se mistura no ar. Mas o Alentejo é mais do que um lugar de paz; esconde tesouros históricos, como castelos, vilas fortificadas, e, claro, a sua cozinha singular, amplamente considerada como uma das mais ricas de Portugal. Tal como escreveu Miguel Torga: “Quem percorre o Alentejo tem de meditar” sobre a profundidade e o significado do que se vê.
Évora, a capital do Alentejo, é o ponto de partida perfeito para explorar esta vasta região. Classificada como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1986, a cidade medieval é protegida por muralhas antigas que rodeiam o seu centro histórico, onde ruas de pedra e casas brancas com rodapés amarelos captam a essência do lugar. Enquanto se percorrem as estreitas vielas, é comum ver carros em dificuldades, mas a melhor forma de explorar a cidade é a pé, sentindo o toque dos paralelepípedos sob os pés. A cidade oferece várias surpresas arquitectónicas, como o famoso Templo de Diana, com as suas colunas coríntias erguidas pelos romanos no século I d.C., e a imponente Sé Catedral, datada do século XIII.
Outro local imperdível é o Palácio Cadaval, construído na mesma época, que já foi residência de reis portugueses e hoje alberga uma coleção de esculturas, pinturas e armarias dos séculos XV ao XVIII. Évora também foi, durante algum tempo, sede da corte portuguesa, o que reforça a sua importância histórica e cultural.
No entanto, a atração mais conhecida de Évora, e talvez a mais intrigante, é a Capela dos Ossos, situada na Igreja de São Francisco. Apesar de modesta em tamanho, esta capela é revestida com ossos humanos nas suas paredes e pilares, criando uma atmosfera única e um tanto macabra. À entrada, uma inscrição recorda a todos da fragilidade da vida: “Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”.
Descobrir o Alentejo é, assim, uma viagem tanto pelos sentidos como pela história, um convite a desacelerar e apreciar os pequenos detalhes que tornam esta região verdadeiramente especial.