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Milagre: “Praticamente não falamos, ela estava chorando, só nos disse ‘eu vejo, eu vejo. Diz o pai de Jimena.

Jimena, a espanhola que diz ter recuperado a visão durante uma missa em Fátima, conta à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, com simplicidade e integridade os detalhes do que define como “um salto na fé” e um “presente da Virgem Maria para a JMJ”, as Jornadas Mundias da Juventudes criadas pelo papa são João Paulo II em 1985.

Tudo aconteceu no sábado (5), em Fátima, Portugal. Jimena, 16, disse ter sido curada de um grave problema no olho, que os médicos consideraram incurável, após receber a Comunhão e depois de rezar uma novena à Virgem das Neves.

“Sentia algo especial”

Seu pai, que diz ter sempre estado “agarrado à convicção de que ela seria curada”, conta como foi a primeira ligação de Jimena para casa depois do ocorrido.

“Praticamente não falamos, ela estava chorando, só nos disse ‘eu vejo, eu vejo’. Depois, o padre que havia celebrado a missa nos ligou para contar um pouco mais de detalhes. É uma alegria incrível.”

“Ela se confessou antes de ir à missa. Estava muito entusiasmada, sentia algo especial. Depois ela foi comungar. Depois, ela teve medo de abrir os olhos porque pensava: ‘Como eu não me curei, é que não tenho fé.’ E os abriu e começou a ver tudo. Aí ela começou a chorar e percebeu que as suas amigas estavam dois anos e meio mais velhas”, conta o pai, ainda emocionado.

Uma “via-sacra” à procura de médicos

Há dois anos e meio, Jimena sofria um “espasmo de acomodação”. Segundo o pai, é “um bloqueio das funções do olho, algo mais ou menos normal em meninas dessa idade com uma quantidade de duas dioptrias”, que é a medida usada para calcular o grau de refração que os óculos precisam ter para corrigir o problema.

“No caso de Jimena, variou entre oito e 16 dioptrias nos piores momentos. Então, ele não podia ver, nem com óculos, nem de forma alguma”.

“Digamos que o ‘olho dela estava louco’, com isso, se medissem que ela tinha oito dioptrias e lhe pusessem óculos, ela não conseguia enxergar, porque não conseguia focar. A convergência dos seus olhos não funcionava, era algo que os próprios médicos consideravam inexplicável”.

Há pouco mais de um ano, tentaram um “tratamento de ponta no Japão” com a esperança de obter resultados. No entanto, não houve progresso. “Não funcionava para Jimena e produziu efeitos colaterais terríveis porque ela se sentia mal, tinha náuseas, dor de cabeça e não conseguia estudar”.

“A equipe médica, não literalmente, chegou a dizer que tinham chegado ao limite, que não sabiam mais o que fazer”, disse o pai de Jimena.

Foi Jimena quem pediu aos pais que parassem com a medicação e por isso decidiram procurar outras alternativas para não ficar “de braços cruzados”.

“Fizemos uma pequena ‘via-sacra’ por médicos que iam nos recomendando. Ninguém entendeu acontecia com ela. Alguns agiram gentilmente outros foram muito mal educados”, lamenta.

“Havia um componente sobrenatural”

“Mas também víamos que havia um componente que não era normal, um componente sobrenatural”, disse o pai de Jimena à ACI Prensa.

Ele conta que um dia eles marcaram para operar Jimena, “para resolver o problema da convergência com uma intervenção cirúrgica, e não tínhamos clareza, não estávamos convencidos de que era isso que tínhamos que fazer”.

“Ela rezou muito a Nossa Senhora nessa noite e no dia seguinte a convergência estava curada. E o próprio médico viu e disse ‘isso é impressionante’. Pode acontecer, mas, ele ficou muito impressionado. E para um médico ficar impressionado tem que ser uma coisa extraordinária”, diz o pai.

Para a família de Jimena, o ocorrido “também nos deu pistas de que poderíamos dar um salto de fé e de alguma forma confiar em Nossa Senhora e nos deixar em suas mãos sem abandonar logicamente a responsabilidade”.

Uma novena “que saiu do controle”

Nos dias prévios à JMJ, durante um passeio pela praia Rincón de la Victoria, em Málaga, Espanha, a caminho de visitar uma imagem de Nossa Senhora do Carmo que fica entre as rochas, pai e filha decidiram abandonar-se completamente na Virgem Maria.

“Caminhando pela praia começamos a conversar. Eu disse a ela que em alguns momentos de sua vida ela havia tido ‘inspirações’”, referindo-se à fé e confiança que a jovem depositou na providência durante toda a sua doença.

Foi depois dessa conversa que ambos decidiram “mover a máquina e fazer todo o mundo rezar”. “E assim foi. Ela nos disse que acreditava que devíamos rezar e fazer uma novena à Virgem das Neves de 28 de julho a 5 de agosto, e mobilizamos todo mundo. Ela ia para Lisboa no mesmo dia, dia 28”.

O pai de Jimena conta que “milhares de pessoas” participaram da novena. “Saiu do nosso controle”, diz ele. “Só as meninas que foram com ela eram quase 400 e a maioria das que estavam lá não a conhecia. E agora para elas foi como o milagre da JMJ”.

As férias do mês de agosto seriam definitivas para Jimena. “Esperávamos que no verão, se tivéssemos algum tipo de sinal, se tivéssemos algum tipo de indicação, iríamos virar a página”.

“Setembro para Jimena seria um mundo novo, porque ela tinha que começar a ir com uma bengala e a preparar um cão-guia, ela também teria que considerar quais cursos universitários ela poderia fazer e quais não”.

Ele conta que, além disso, tinham que procurar novos médicos, “e cada vez que ela vai a um médico é um maltrato, porque fazem todo tipo de exame de novo, porque não entendem nada e aí ela fica arrasada”.

O pai conta que estavam trabalhando com a ONCE (Organização Nacional Espanhola de Cegos), “e percebemos que é um lugar maravilhoso”. No entanto, admite, “sempre nos agarramos à convicção de que isto ia ser resolvido”.

“Uma menina sempre preocupada com as pessoas ao seu redor”

A voz do pai de Jimena falha de emoção ao tentar descrever a filha. Ele diz que, para ele, ela é sem dúvida “uma garota especial”.

“Ela é muito emotiva, é uma menina muito sensível e muito próxima de suas amigas, sempre muito preocupada com as pessoas ao seu redor e com uma consciência disso, dessa amizade que ela tem com esse grupo de amigas que têm praticamente desde que eram pequenas”.

Diz que é também “uma leitora inveterada”, algo que teve de sacrificar durante dois anos e meio, “porque não há tantos romances em braile como se pensa”.

“Para ela agora será um grande presente poder retomar Moby Dick, o romance que lia quando perdeu a visão. Esta manhã falamos com ela e ela disse-nos que está lendo as placas nas fachadas e nas ruas de Lisboa porque acha que é uma dádiva poder voltar a ler. Ela não se importa que sejam coisas sem importância, para ela é um milagre poder lê-las”.

A doença como “veículo de purificação”

Nos últimos anos em que a doença de Jimena se agravava, a família sentiu a necessidade de “não perder o bom humor, rir de cada situação para poder conviver com isso”.

“Inclusive rir das situações com a Jimena, porque ela não conseguia enxergar e tirar o lado mais engraçado das coisas terríveis que podem acontecer na vida, porque senão você fica o tempo todo focado na sua própria desgraça e a vida é muito difícil”.

Ele também diz que “as coisas nunca acontecem de repente” e que a doença “é um veículo para que outras pessoas se purifiquem ou fiquem melhores perto do doente”.

Ele também conta que Jimena pôde encontrar um de seus três irmãos na Vigília da JMJ, poucas horas depois de ter recuperado a visão.

“Um presente da Virgem para a JMJ”

Para o pai da menina madrilenha, “a beleza disto é que cada um dá o seu testemunho, a sua própria vivência, a sua própria experiência, que foi muito especial e todos estão muito emocionados”.

“Acho que parte da beleza de um milagre é que ele não é exclusivo de uma pessoa ou de uma família, mas é o maior possível. E, nesse sentido, também saiu do controle. Já ultrapassou fronteiras”, comenta.

Além disso, mostrou a intenção de “não ter nenhum protagonismo”, já que “o foco tem que ser na JMJ, pois acredito que este é um presente da Virgem para a JMJ”.

“Não precisamos de nenhuma confirmação”

“Não precisamos de nenhuma confirmação. Vamos nos reunir novamente com a equipe médica que a trata há um ano, mais para fechar um pouco esse episódio para que eles vejam e tirem suas próprias conclusões”, diz.

Ele diz que “como foi uma novena à Virgem e não há motivo para beatificação”, eles não precisam confirmar que é realmente um milagre.

“Acho que as pessoas já estão bastante comovidas, quem acredita, acredita e quem não acredita, bem, não vai acreditar mesmo”, diz.

Ele também diz que “quando alguém dá um salto na fé, não olha para trás, apenas olha para frente”.

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