As formigas despertam várias curiosidades, foi nesse sentido que surgiu o projeto MIRMEX, que concebe formigários para criação de colónias de formigas, dando a possibilidade de as observar.
Neste sentido a Rádio Campanário recebeu nas suas instalações Eduardo Sequeira, biólogo de investigação e programador informático especialista em formigas e líder do projeto MIRMEX.
Durante uma extensa entrevista, Eduardo contou aos nossos microfones alguma das suas motivações.
O Biólogo começou por dizer que “a paixão por estes insetos começou faz mais de 15 anos, durante a licenciatura comecei a estudar formigas como uma das saídas possíveis, não como vontade de trabalhar em formigas, mas como um assunto que me pareceu interessante”.
Com o desenvolver desta paixão, Eduardo Sequeira decidiu realizar “alguns cursos de taxonomia, participei em alguns eventos internacionais, pois em Portugal não existia muita coisa”, conta-nos que “nem mesmo na internet existia muita coisa sobre as formigas”, foi durante essa pesquisa que se “especializou no tema, comecei a trazer algumas para casa, por forma a poder observá-las não estando dependente do campo, resolvi criá-las em casa para poder observar o seu ciclo de vida”.
“tal como os humanos, as formigas têm uma grande vantagem, que é a vida em sociedade”
Eduardo Sequeira
Eduardo Sequeira contos aos microfones da RC que “para além das abelhas e das vespas, as formigas são insetos sociais” considerando que esse facto “foi o que lhes permitiu viver no planeta desde o tempo dos dinossauros e ocuparem todos os habitats possíveis e imaginários”.
A Campanário indagou o investigador sobre as principais dificuldades do seu projeto, ao que nos foi dito “manter as formigas em casa, vivas e com condições semelhantes ás que têm na natureza não é tão fácil como parece, trazia-as colocava-as dentro de uma caixa ou de um frasco e a verdade é que ou fugiam ou morriam”, no entanto a insistência para que fosse possível manter as formigas em casa levaram Eduardo Sequeira a desenvolver “métodos e criar habitats específicos para as manter o mais próximo possível daquilo que encontram na natureza, mas em condições que eu pudesse controlar”, o biólogo conta-nos que “tentei aquele método mais clássico que são dois vidros com areia, que não resulta, entretanto apareceram uns publicitados pela NASA que são horríveis e duram cerca de duas semanas e as formigas morrem”, o que o levou a desenvolver o “vários protótipos, em cimento, em gesso, em madeira, até que cheguei a um em acrílico”.
Procurámos saber mais detalhes sobre os formigueiros que Eduardo constrói e segundo o mesmo “os formigueiros que tenho sou eu que os desenho a 100%, primeiro a 2D, depois a 3D e depois uso o corte a laser para os moldar”. Sobre a tecnologia de corte a laser, Eduardo diz-nos “é uma tecnologia fantástica”.
Eduardo considera “as formigas um animal de estimação extremamente didático, fácil de ser utilizado por professores em diversas matérias dos vários currículos” e que não exigem muitos cuidados “basta que tenham comida e água e elas aguentam-se, até têm capacidade para aguentar longos períodos sem comida, são extremamente resilientes”.
A Campanário procurou saber quais os pontos mais exigentes destes insetos, ao que o Biólogo refere “as rainhas, tal como nas abelhas são a peça chave”.
Quando convidado pela RC a explicar melhor o seu projeto, Eduardo Sequeira diz que “a ideia é fornecer formigueiros ás pessoas, não é que as pessoas vão capturar formigas para o campo, eu ofereço as formigas na compra dos formigueiros. (…) “não é um produto para chegar a todos os lares portugueses nem a todas as escolas, é preciso alguma sensibilidade na área das ciências para olhar para o formigueiro e tirar qualquer coisa de lá”.
Eduardo Sequeira considera que “para além da parte científica, a explicação de como é que nasce de um ovo uma larva que vai originar uma pupa que por sua vez dá origem a uma formiga é uma explicação que nós só temos conhecimento por fotografias, com um formigueiro destes nós conseguimos ter todo o ciclo de vida das formigas”.