Os quatro monges da Ordem da Cartuxa que ainda vivem em clausura no antigo mosteiro da Cartuxa em julho de 2019, na periferia de Évora vão mudar-se em Espanha, até ao final deste ano, revelou na passada sexta-feira o arcebispo de Évora, lamentando a perda para a vida consagrada em Portugal e assegura a vontade de manter o lugar para congregação monástica de clausura.
Segundo o monge e prior da Cartuxa de Évora, padre Antão Lopez “O Capítulo Geral da Ordem da Cartuxa decidiu que nós, que somos dois octogenários e dois nonagenários e que já somos poucos para manter isto de pé, iremos para uma Cartuxa espanhola, perto de Barcelona”.
A Fundação Eugénio de Almeida (FEA) é actualmente responsável pela Cartuxa de Évora, não apenas enquanto “património histórico, artístico e arquitectónico de grande valor”, mas, sobretudo, enquanto “centro de vida espiritual único em Portugal”. e o único mosteiro contemplativo masculino de Portugal.
A instauração desta ordem em Portugal deveu-se a D. Teotónio de Bragança (1530-1602), sendo o Convento da Cartuxa de Évora dedicado à Virgem Maria, sob a denominação “Scala Coeli”, a Escada do Céu.
O convento foi integrado na Fazenda Nacional em 1834, após a extinção das ordens religiosas, e os 13 monges e oito leigos que aí viviam “foram expulsos e os bens confiscados e vendidos ao desbarato”.
Em 1869, após o fecho da escola agrícola que, entretanto, viria a ser instalada no espaço, José Maria Eugénio de Almeida comprou o mosteiro, “completamente degradado”, e as terras agrícolas circundantes.
O mosteiro foi reconstruído em 1948, por Vasco Maria Eugénio de Almeida, bisneto de José Maria, que o devolveu à Ordem Cartusiana, a qual o reabriu passados 12 anos, de acordo com o modo de vida dos cartuxos, feito de “silêncio, oração e absoluta entrega a Deus”.
A Fundação Eugénio de Almeida assegura até hoje a manutenção e preservação deste tesouro histórico, artístico e espiritual da cidade de Évora, único no país.
Créditos:Emílio Moitas