Decorreu esta sexta-feira, dia 15 de julho, pelas 19h00, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, em Monsaraz, a cerimónia de inauguração da bienal cultural Monsaraz Museu Aberto.
No ano em que se assinala o 30º aniversário, a inauguração do certame contou com a presença do Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes.
O Monsaraz Museu Aberto é um festival que decorre entre os dias 15 e 31 de julho e pretende abordar o que de melhor se faz na cultura e nas artes do espetáculo. A imagem do cartaz deste ano é uma reedição do primeiro, produzido em 1986.
À reportagem da Rádio campanário, o presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, referiu que “nestes vários dias que se vão seguir, históricos para a vila de Monsaraz, o conceito Monsaraz Museu Aberto, utilizamo-lo todos os dias do ano, neste momento e durante estes dias utilizamos a expressão bienal cultural, acentua-se aqui as exposições, as artes, a música e a preservação patrimonial, também sofre positivamente com isso”.
O autarca acrescenta que “este Monsaraz Museu Aberto comemora 30 anos de existência deste evento. Passaram por aqui grandes nomes das artes, de várias áreas das artes a nível nacional e internacional e nesta edição tentamos comemorar essa nossa história recente no local de longa história, mas também estas gerações que querem contribuir para essa história e também querem fazer parte dela. Penso que Monsaraz Museu Aberto é um momento que também ajuda Monsaraz a ficar na história”.
O presidente da Junta de Freguesia de Monsaraz, Jorge Nunes, destacou que “é um dia muito especial para Monsaraz porque celebramos 30 anos daquele que foi o primeiro grande certame cultural da região, não só do nosso concelho, e significou também o primeiro grande momento de afirmação no contexto regional e nacional, e depois o Monsaraz Museu Aberto galvanizou-se ao longo das suas sucessivas edições e apresentou programas de total excelência ao longo destes 30 anos e por isso, nesta 30ª edição houve de facto a responsabilidade de tentar honrara e dignificar aquilo que foi o passado deste evento que tem servido para potenciar a nossa oferta turística que tem servido para ajudar a dinamizar e criar algo mais, aquilo que Monsaraz já tem para oferecer a que nos visita, que é o nosso património histórico construído”.
Instado, Jorge Nunes declara que a cultura tem sido colocada de parte desde há três décadas, “pelos sucessivos Governos, independentemente da cor. A cultura recebia a pais pequena fatia dos Orçamentos de Estado. Quando pensamos nisso, não precisamos de pensar muito sobre os apoios governamentais a estas iniciativas, mas o que é importante salientar, é que, não só na nossa área, mas em todo o país, as câmaras municipais e as juntas de freguesia, têm desenvolvido um papel, e muitas vezes até, substituído o próprio Governo central na dinamização de iniciativas, como é o caso de Monsaraz Museu Aberto, muitas vezes com graves dificuldades baseadas também no envolvimento das comunidades e no voluntarismo das pessoas, e eu penso que isso é que há a realçar”.
A reportagem da Rádio Campanário falou também com o Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes que salientou que sempre considerou Monsaraz “como uma excelente cidade de preservação da memória e da história e de aproveitamento de um espaço extraordinário, de um campo lindíssimo e de uma tradição musical lindíssima riquíssima e tudo isto provoca um grande prazer e uma grande alegria de um encontro de grande cultura”.
O governante diz ainda que Monsaraz “é uma grande riqueza de património edificado, uma riqueza de memória de história, mas é também a riqueza da criatividade e da capacidade de iniciativa da duração extraordinária. Há 30 anos a fazer o Monsaraz Museu Aberto é uma grande prova de criatividade e de como o nosso património histórico e cultural pode ser um grande incitamento à criatividade, ao trabalho em conjunto, à aliança entre a cultura, a economia, o turismo e é um exemplo de um bom trabalho cultural”.
Em declarações a esta Estação Emissora, a embaixadora de Israel, em Portugal há três anos, Tzipora Rimon expressou que Monsaraz “tem uma vista maravilhosa (…) quando cheguei fiquei com uma imagem da cidade branca com a mistura da pedra e dá uma impressão muito forte e comovente e é muito interessante”.
A embaixadora salienta ainda a importância da parte cultural do evento para toda a população jovem, “que para mim é muito importante que jovens conheçam as tradições que existem em cada lugar”.
A cerimónia de inauguração contou com Cante alentejano com a atuação do Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz e um recital de acordeão com Gonçalo Pescada, da Escola de Artes da Universidade de Évora, artista que venceu há 10 anos o Concurso de Interpretação do Estoril e que com esse prémio lançou a sua carreira internacional para concertos na Alemanha, Espanha, França, Reino Unido, Itália e Bulgária. Às 19h30 foi inaugurado o Centro Interativo da História Judaica em Monsaraz, com a atuação do músico e compositor Rão Kyao, que editou mais de duas dezenas de discos durante os seus 50 anos de carreira.
Pelas 20h30 decorreu a visita às exposições patentes na bienal cultural. Às 21h15 foram apresentados os vinhos comemorativos dos 30 anos do Monsaraz Museu Aberto, produzidos pela CARMIM. Nesta iniciativa que se realizou no Jardim da Casa da Universidade foram degustados os vinhos CARMIM 30 Tinto e Branco e ouviu-se a segunda parte do recital de acordeão com Gonçalo Pescada.
A partir das 22h30, na Praça de Armas do Castelo decorreu o espetáculo Toros e Flamenco, com o cantador Rafael de Utrera, que durante a sua carreira acompanhou os maiores nomes do Flamenco, como Joaquín Cortés e Farruquito, e cantou com guitarristas como Paco de Lucía e Vicente Amigo. No toureio a pé atuaram três matadores, nomeadamente Paco Ureña, Agustín de Espartinas e Paco Velásquez. A abrir a noite, um apontamento de toureio à portuguesa com a jovem promessa Inês Carvalho e o Grupo de Forcados de Monsaraz.