As festas em honra de Nossa Senhora do Carmo , em Moura, estão prestes a começar.
Moita Flores, Mourense de gema, fez uma publicação na sua página de facebook, em alusão à sua fé a Nossa Senhora do Carmo.
Estas festas e a sua devoção assumem este ano particular relevância depois do problema complicado de saúde pelo qual passou e que o deixou em risco de vida.
Na publicação pode ler-se “em Moura, este fim de semana, celebram-se as Festas de Nossa Senhora do Carmo. Vêm do fundo do tempo. Do mesmo ninho onde nasceram os Santos de todas as aldeias, vilas e cidades. E são os dias de todos os encontros. De todos os abraços. Da alegria de estar junto, depois de tantos meses sem estar perto.
Pelas ruas da minha terra, escutam-se as bandas filarmónicas – Os Leões e Os Amarelos – matam-se saudades e os risos escorrem pelas esquinas. E correm cães sem norte, assustados com os foguetes. Este ano, a saúde não me deixa apreciar aquele bocadinho de doce. Mas vejo a minha avó Luísa, com um terço nas mãos trémulas, vendo passar a procissão, onde o meu tio leva ao ombro um dos varais do andor, na sua farda de marujo, e os dois pedem à Senhora que regresse são e salvo da Guiné, da guerra de todos os medos. Desvio o olhar e estou sentado ao lado da minha mãe, gozando a frescura da noite, cumprimentando amigos de longa vida que vão em romagem à igreja da Padroeira. Ecoam, cá longe, os poderosos coros dos ranchos, ‘Pedimos/ a uma voz/ Nossa Senhora/Rogai por nós’ e a festa trauteia a cantiga da Festa.
Ninguém pode separar aquilo que foi unido pela forja da memória, que soldou de forma tão rija os afetos que a Festa é um acontecimento absoluto. À memória chega-me João Villaret, ‘Tocam os sinos/Na torre da Igreja/ Há rosmaninho e alecrim pelo chão’. E flores no coração!
Embora longe, canto com eles. Com aqueles que cruzam as praças e jardins da minha terra e com os outros que passeiam nos corredores da minha memória. Todos vivos!”
Foto: Moita Flores Facebook