Segundo a Revista Visão- A qualificação, dois dias antes, o atleta de origem cubana que representa oficialmente Portugal desde 2019 mostrou logo que era o saltador em melhor forma, ao voar 17,71 metros. E voltou a prová-lo na final, onde nunca deu sinais de fraqueza perante os seus adversários, intimidando-os até pela forma, descontraída mas intensa e sempre altamente concentrada com que liderou a prova desde o princípio até fim. Num estádio vazio de espectadores, Pichardo encheu a pista e a caixa de areia. Logo a abrir, o atleta tomou a dianteira com um salto de 17,61, marca que repetiu a seguir no segundo ensaio – e que mais nenhum outro atleta em prova conseguiu igualar. Ao terceiro ensaio, Pichardo deu o golpe de misericórdia no concurso, com 17,98 metros, estabelecendo um novo recorde de Portugal e demonstrando a todos os outros concorrentes que estava num dia imbatível. A expressão com um misto de desalento e de admiração do experiente americano Will Claye (medalha de prata em 2012 e 1016) ao ver Pichardo voar quase até aos 18 metros foi, com certeza, partilhada pelos outros saltadores: a medalha de ouro já estava atribuída, restava-lhes tentar ganhar a prata e o bronze. Foi isso que fizeram Yaming Zhu, da China (17,57m) e Fabrice Zango, do Burkina Faso – o primeiro atleta daquele país a ganhar uma medalha olímpica. Pichardo até prescindiu do quinto ensaio e fez um nulo no último. Depois da prova, fez questão de agradecer aos portugueses a forma como foi acolhido, depois de abandonar Cuba – onde as autoridades não permitiam que treinasse com o seu pai – e revelou que o seu plano era o de fazer um salto de 18,40 metros. “Era essa a marca que estávamos à espera. Mas durante o aquecimento comecei a ser alguma dor, mas consegui fazer este salto e levar a vitória para o país. Quero dizer muito obrigado a todos, pela forma como me receberam desde o primeiro dia que cheguei a Portugal”, afirmou, no seu jeito sereno e algo tímido, mesmo depois de uma medalha histórica.