No passado sábado, dia 22 de junho, o Palacete dos Mellos, em Borba recebeu um colóquio evocativo do 10º aniversário da ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, organizado pela Delegação de Borba da Associação Portuguesa de Deficientes.
A RC marcou presença e falou com Joaquim Cardoso, presidente da Delegação de Borba da Associação Portuguesa de Deficientes, que declara tratar-se de um “processo histórico que modifica completamente a padronização do paradigma da deficiência”
“A convenção é essencialmente um apelo para tratar de igual modo todos os grupos excluídos”
Joaquim Cardoso
Ainda é necessário fazer “muitíssimo” trabalho nas questões da inclusão, neste momento “estão feitos talvez 2%”, aponta, defendendo que para “além do aspeto legislativo, a inclusão implica mudanças de mentalidade”, e estas levam anos e mesmo séculos. “Portugal a nível oficial nada fez para a inclusão, e aquilo que se fez foi ao nível da Associação Portuguesa de Deficientes”, destaca.
“É um processo largo e longo, e precisa de organizações comprometidas” na defesa dos direitos iguais
Joaquim Cardoso
O dirigente aponta ainda que desde a data da ratificação em que fizeram chegar a matéria às autarquias, esta “não mereceu ainda grande estudo nem grande aprofundamento”, não existindo também nenhum “estudo académico do valor e do significado da convenção”.
Mais aponta a “comunicação social que trata as pessoas com deficiência do ponto de vista da caridade”.
António Anselmo, presidente da Câmara Municipal de Borba, afirma à RC que há que chamar a atenção para as questões da deficiência, “sempre no princípio de tentar resolver os problemas às pessoas, adaptar e incluí-las na sociedade”.
É um assunto “encoberto, esquecido, e muitas vezes tenta-se fazer caridade em vez de resolver os problemas das pessoas”
António Anselmo
O autarca defende uma perceção de que “apesar das limitações que têm” as pessoas com deficiência, “podem ser úteis para a sociedade”, avançando que no município de Borba trabalham mais de uma dezena de pessoas com alguma limitação, numa parceria com o IEFP e a Cerci de Estremoz. “Há determinado tipo de pessoas que se não for o poder local ou central a dar-lhe trabalho, ninguém os quer, isso é que dói”, declara.
“É bom que as pessoas percebam, não é preciso caridadezinha, é preciso respeito”
António Anselmo
Sobre a pouca adesão à iniciativa, diz que “quando toca a este tipo de coisas”, deveriam estar presentes “pessoas com sensibilidade, nomeadamente ligados à segurança social e à ação social”, mas “quem está é bom e vai trabalhar”, conclui.
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