O ministro da Educação garantiu hoje que as escolas portuguesas estão preparadas para receber crianças refugiadas da Ucrânia e mostrou-se certo de que vão dar uma resposta positiva para que esta transição abrupta seja “o menos dura possível”.
“As escolas portuguesas têm uma grande tradição na receção de migrantes e também de refugiados e até de crianças não acompanhadas”, e, por isso, “estão preparadas” para receber crianças da Ucrânia, disse Tiago Brandão Rodrigues aos jornalistas, em São Teotónio, no concelho de Odemira, distrito de Beja.
O ministro falava após ter inaugurado e visitado o Centro Escolar de São Teotónio, do 1.º ciclo do Ensino Básico, que começou a funcionar no ano letivo de 2019/2020 e é frequentado por alunos de 32 nacionalidades.
Segundo o ministro, devido à guerra na Ucrânia, Portugal vai receber “maioritariamente idosos, mulheres e crianças” refugiados.
Por isso, Portugal vai “ter um número muito grande de crianças” refugiadas da Ucrânia, sendo que “muitas” frequentam o 1.º ciclo e o pré-escolar, e terá que “ter resposta também para estas crianças”.
“Estou certo de que as nossas escolas vão dar uma resposta rotunda, muito positiva para receber estas famílias, para que sintam também que os seus filhos estão a ser cuidados, acarinhados” nas escolas portugueses, afirmou.
Isto para que as crianças ucranianas “possam entrar também no processo de ensino aprendizagem [português] ao seu ritmo, com as suas vicissitudes, com as suas necessidades”, afirmou.
“Mas também, acima de tudo”, continuou, “com os seus sonhos, para poderem aprender e para poderem sentir esta transição [de forma] o menos dura possível, sabendo nós que isto é uma situação limite para estas famílias”.
Portugal tem de “atenuar também as consequências de toda esta transição, que é abrupta e que, sabemos bem, é bastante violenta para estas crianças”, sublinhou.
Tiago Brandão Rodrigues vincou que um “conflito bélico” como a guerra na Ucrânia e “a crise humanitária” que está a provocar têm “um enorme grau de imprevisibilidade”.
No entanto, “o que nós queremos no nosso sistema educativo, com o enorme trabalho das nossas escolas, coadjuvado pelas autarquias, é diminuir a imprevisibilidade, quando [os refugiados] chegarem a cada uma das terras que os vai acolher”, disse.
O ministro afirmou que “chegarão mais refugiados ucranianos aos sítios onde existem comunidades ucranianas, mas, dependendo também da extensão deste conflito bélico e do número de ucranianos que acabarem por escolher Portugal”, o país terá que “dar uma resposta de acordo” com as necessidades.
“Existe todo um trabalho das autoridades de saúde e municipais, que estão a trabalhar também para acolher estas famílias, e, depois, claro, as comunidades educativas, que têm uma enorme tradição e uma enorme experiência, vão, estou certo, coadjuvar este trabalho, que toda a sociedade portuguesa está a fazer para poder receber o melhor possível estas famílias”, afirmou.
As escolas portuguesas recebem alunos migrantes “maioritariamente no início do ano letivo”, mas também “durante todo o ano”, e têm que “estar preparadas para acolher e para minimizar e mitigar os efeitos nestas crianças, em termos psicossociais e psicoemocionais”, disse.
Segundo o ministro, na última semana, chegaram a Vila Nova de Milfontes, também no concelho de Odemira, 16 crianças ucranianas refugiadas, as quais estão “sinalizadas” e “em vias de preparação para começarem a frequentar” a escola, primeiro para aprenderem a língua portuguesa e depois para serem integradas e acompanhadas no ensino português.
“Obviamente que agora estão a ser alojadas. Existe todo o trabalho também com a saúde pública, para identificar todas as famílias, para entender quais são as necessidades mais primárias e também para mitigar as consequências” da viagem desde as terras de origem até ao Alentejo, explicou.
E, depois, “logo que possível” e “paulatinamente”, irão “integrar também as escolas”, onde, “certamente que se vão sentir dessa terra, que vão ser acolhidos pelos professores, por todos os que trabalham na escola, pelos colegas, e, muito rapidamente, se vão sentir em casa”, rematou.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.