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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

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“Não creio que a campanha seja desrespeitosa para com os católicos (…) mas não seria eu a lança-la (…) diz Coordenadora Distrital de Évora do BE, Maria Helena Figueiredo sobre cartaz polémico (c/som)

A Coordenadora Distrital de Évora do Bloco de Esquerda (BE), Maria Helena Figueiredo considera que o cartaz do partido lançado nas redes sociais para celebrar a aprovação da adoção de casais do mesmo sexo confirmada a 10 de fevereiro, “é polémico e que haja pessoas que se podem sentir ofendidas, mas a intenção não é ofender ninguém”.

Em entrevista à Rádio Campanário Maria Helena Figueiredo declara que a campanha do BE que tem “uma polémica frase, não é uma frase do BE, mas uma frase antiga, é um slogan internacional em que o objetivo é contribuir para que, sem tabus se debata e se assinale este avanço que é a ativação da lei da adoção por casais do mesmo género pelo Parlamento, o avanço civilizacional, o respeito pela dignidade de pessoas e pela igualdade. O BE respeita todas as convicções religiosas e respeita todos aqueles que as não têm, e não é um cartaz que visa a Igreja católica, ou os cristãos, não é de todo isso, digamos que é um tema que sabemos que desperta grandes paixões mas é sobretudo, para sem tabus, se fale deste assunto. Penso que o cartaz está a cumprir a sua função”.

Questionada se considera que a espiritualidade e a fé de cada um dos cidadãos católicos, ou não, seja um tabu, refere que “não”, que não é tabu “as religiões ou a espiritualidade, nem pode ser entendido como um desrespeito para com os católicos”.

Instada sobre grande parte dos católicos se sentirem desrespeitados com a campanha do BE, a jurista refere que “muitos também entendem a mensagem e a mensagem é de apelo ao respeito pelas pessoas, à sua dignidade pessoal e não é por ter dois pais ou duas mães que há algum problema no crescimento das crianças, é preciso que as crianças tenham uma família e as famílias são todas diferentes, eu percebo que é polémico, que há pessoas que se podem sentir ofendidas, mas a intenção não é ofender ninguém”.

Sublinha que o cartaz resume-se apenas às redes sociais, “eventualmente em autocolante mas não em outdoor (…) nunca foi essa a intenção (…) todos nós tivemos uma grande e sentida comoção relativamente com o que se passou com o Charlie Hebdo, com o ataque que houve, um ataque bárbaro que houve em Paris (…) e todos nós nos revoltamos (…)”.

Sobre o verdadeiro objetivo da campanha, sustenta que “é celebrar este passo e pôr as pessoas a falar sobre esta questão importante que é o reconhecimento da diferença entre famílias sendo todas as famílias iguais, não é uma campanha que se resume aquele cartaz (…)”.

No atinente às reações contrárias à campanha, garante “que nem todas as pessoas do BE concordam (…) se vir as redes sociais também há aderentes que para quem não seria a melhor campanha, eu acho que a campanha não me choca, eventualmente não a teria lançado porque sei que há a quem choque, mas não me choca a imagem e não creio que ela seja desrespeitosa para com os católicos (…) mas não seria eu a lança-la (…) não entenda que estou contra, estou perfeitamente confortável com a campanha mas não me lembraria de a fazer (…) porque se há uma coisa pela qual nos debatemos é pelas convicções individuais e pela liberdade de expressão”.

Sobre se considera que o BE quis lançar o tema para que se fale no partido e em que as criticas são em maior número do que os apoios, a Coordenadora Distrital de Évora do Bloco de Esquerda refere que não pode fazer essa estatística mas admite que “há bastantes criticas negativas, há algumas positivas que expressamente assumem-se como católicos, mas acho que muitas vezes expor-se algum assunto mais tabu permite um debate mais profundo e acho que até merece a pena falar em igualdade, na homofobia, falarmos do que é importante para as crianças, isso sim é que eu acho que é no fundo o que se pretende com este cartaz”.

No que concerne às declarações da Deputada do BE, Sandra Cunha em que a intenção desta campanha pressupõe a mudança de mentalidades, Maria Helena Figueiredo insiste, “o que a imagem diz é que Jesus tinha um pai espiritual e um pai terreno (…) para mim o que não é muito racional é haver matérias que não se podem debater ou que não se podem discutir, ou assuntos que são tabu (…) a única coisa que posso dizer é que a intenção não é ofender as pessoas, e se os católicos se sentem ofendidos, eu lamento porque sei que não era essa a intenção”.

Perguntado se eventualmente existirá um pedido de desculpas por parte do BE, diz que não se justifica, “sinceramente não me parece que seja o adequado porque nós pedimos desculpa quando fazemos alguma coisa errada e do meu ponto de vista não é errado abordar qualquer que seja a forma, não é errado quando não se está a ofender ninguém, não sei o que é que o BE em termos de Direção Politica pensa sobre isto (…)”.

“Esta é a minha opinião, não me parece que haja matéria para um pedido de desculpa formal a quem quer que seja”, conclui.            

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