As altas temperaturas que se tem feito sentir nas últimas semanas têm deixado grande parte dos concelhos alentejanos assim como os do continente em risco muito elevado ou máximo de incêndio, e as corporações dos Bombeiros Voluntários não têm tido mãos a medir.
A Rádio Campanário falou com Maria João Rosado, Comandante Operacional Distrital de Évora da Proteção Civil, que nos destacou a importância da limpeza dos terrenos para que atue como travão à propagação dos incêndios.
A comandante referiu, relativamente ao cumprimento das leis que obrigam os privados e o estado a proceder à limpeza de terrenos, para diminuir a propagação dos incêndios, que essa intervenção “foi feita”, contudo “atendendo às condições meteorológicas que se verificaram, principalmente nos meses de março e de abril, a vegetação recebeu muita humidade e regenerou várias vezes”. Como consequência das condições meteorológicas, “durante as viagens e os trajetos que fazemos quando temos que nos deslocar, verificamos que existem locais que já foram intervencionados duas e três vezes”.
No que diz respeito às limpezas das bermas das faixas de rodagem, com as quais temos sido confrontados inúmeras vezes durante as nossas deslocações rodoviárias, segundo Maria João Rosado, “houve a necessidade de ainda nesta altura do ano, se andar a fazer precisamente esses trabalhos nas bermas das estradas.”
O Comando Operacional Distrital de Évora da Proteção Civil tem atuado “junto das autarquias e junto das entidades que ainda estão a desempenhar esse tipo de tarefa, para que tenham o máximo de cuidado possível,” através das medidas preventivas inerentes aos trabalhos e “que tentem agendar a realização desses trabalhos em períodos mais frescos do dia,” informa Maria João Rosado.
O horário estabelecido para este tipo de trabalhos está estipulado “para que não exista sobreposição com os períodos de maior calor e de menor valor de humidade relativa do ar”, refere a comandante.
Questionada sobre a importância da limpeza das bermas na prevenção dos incêndios, a comandante frisa que “não quer dizer que se consigam travar os incêndios, mas, sem sombra de dúvida, servem de barreiras e de travão à propagação dos incêndios.”
Relativamente ao número de meios ser suficiente para esta época mais critica, a comandante refere que “é importante que se saiba que anualmente é refeito e é adaptado”, com base nos dados estatísticos das ocorrências anteriores. Acrescenta ainda que “por outro lado, a questão do dispositivo terrestre também está muito dependente daquilo que é a disponibilidade das entidades que intervêm diretamente no combate aos incêndios rurais.”
Relativamente aos meios disponiveis serem suficientes, Maria João Rosado refere que “depende das ocorrências, depende do número de ocorrências que ocorram em simultâneo e depende da dimensão de cada ocorrência.” Contudo, a comandante destaca que “existe a possibilidade de quando os meios que temos em determinado teatro de operações não são suficientes para aquela ocorrência, de fazermos dentro da região ou a nível nacional a afetação de meios que venham de outros distritos ou de outras regiões”. Acrescentando que “quando existe uma situação de maior dimensão ou de maior gravidade, numa outra zona do país, desde que esse pedido nos seja feito e que exista disponibilidade operacional por parte dos corpos de bombeiros, essa afetação também é feita.”