Em entrevista à RC, D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora, fala sobre a missão da Igreja e sobre o momento pandémico que se está a atravessar.
Devido à COVID-19 muitas foram as perdas económicas em diversos setores, tendo chegado a referir-se a Igreja como um deles e com grandes perdas.
Sobre esta questão o Arcebispo de Évora refere que dentro da Igreja “não vivemos com essa mentalidade, nem temos essa perspetiva mercantilista da nossa missão. Se me perguntar quanto perdeu a Igreja de Évora em plena consciência lhe digo que não sei, nem vou fazer essas contas, porque nós não somos assim”.
O Arcebispo eborense afirma que quem faz essas contas e as liga à Igreja é “para nos ligarem a essa mentalidade mercantilista e para fazer crer que nós vivemos e trabalhamos pelo dinheiro”. Explica que, como em todos os setores, é necessário dinheiro, mas existe uma “dimensão de confiança em Deus” e um dinamismo diferente pois “a Igreja sofre com o povo, está com o povo, a Igreja é o povo”.
“Aquilo que nos é dado distribuímos. Há uma verba para a sustentação da Igreja, que é para a manutenção dos edifícios e para a manutenção dos funcionários e do próprio corpo sacerdotal e depois o que há nós distribuímos”, frisa.
Relativamente à missão da Igreja de ajudar os outros, que pode ter ficado condicionada devido à pandemia, apesar do aumento de pessoas a precisar de apoios, conta que existem grandes dificuldades, mas acredita que “com a nossa proximidade, com a nossa presença no local, nós vamos conseguir dar as mãos a este povo e ultrapassar a dificuldades”.
D. Francisco Senra Coelho revela que na diocese de Évora o “problema é mais sentido”, pois as fundações que dão apoio, dando como exemplo o setor dos vinhos e do azeite, estão sem conseguir escoar o produto como anteriormente.
É também referenciado o setor do turismo, um dos que mais perdeu com a pandemia. Em Évora a Capela dos Ossos e o museu da Sé de Évora e a Catedral de Évora, “as grandes fontes de receita da arquidiocese”, têm também o seu número de visitas “muitíssimo reduzido”.
No entanto, o Arcebispo acredita que o “grande fator de coesão da Igreja (…) é a nossa permanência junto do povo” e que, neste momento, se está a viver “uma expectativa confiante porque nós não fazemos para o povo, [mas] fazemos com o povo”.
Esta união com o povo é, segundo D. Francisco, a “marca que vai continuar a ser usada nesta crise económica”.