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“Nenhum governo muda mentalidades por decreto”, diz Ministra da Presidência nas I Jornadas do Alto Alentejo Contra a Violência (c/som e fotos)

Ponte de Sor (Portalegre) acolheu esta sexta-feira, dia 12 de outubro, as I Jornadas do Alto Alentejo Contra a Violência, promovidas pela APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima). Reunindo representantes de várias entidades regionais, a sessão de abertura contou com a presença de Maria Manuel Leitão Marques, Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa e de João Lázaro, presidente da APAV.

Em declarações à RC, a governante afirma que “a mudança da cultura de tolerância com a violência se faz com um contributo da sociedade civil e dos governos”.

“A cultura muda-se com pequenas ações”

 

 

As instituições locais por terem um “poder de maior proximidade” têm um papel importante para “detetar os casos que por vezes estão tão bem escondidos”, e demonstrar às pessoas “que podem ter uma ajuda, uma proteção, para vencer situações em que são violentadas”.

Maria Manuel Leitão Marques defende um trabalho contínuo na mudança de mentalidades, nomeadamente “com pequenas ações” de as pessoas “não tolerarem que o ciúme se transforme em violência”, e com a educação das crianças para a cidadania e igualdade.

Na sua intervenção, a Ministra da Presidência deixou um apelo à região para que aproveite mais os fundos para si disponibilizados pelo programa Portugal Inovação Social, exemplificando os efeitos positivos já registados pelo programa CARE (apoio especializado a crianças e jovens vítimas de violência sexual, promovidos pela APAV nas regiões do Norte, Centro e Alentejo).

Com este programa já foi possível registar um aumento da “confiança nas instituições públicas, é um impacto muito positivo (as vítimas) não perderem a confiança nas forças de segurança, na justiça”.

“A cultura de medição de impacto” tem um papel muito importante no programa Portugal Inovação Social, aponta, afirmando que este ainda dispõe de fundos para apoiar projetos não só neste âmbito, como de caráter ambiental, programas para a juventude e para a inclusão digital, por exemplo.

João Lázaro, presidente da APAV, afirma à Campanário que estas jornadas visam “ser um momento e um espaço de reflexão de troca de práticas e saberes” entre agentes da região, com intervenção direta ou indireta no processo de apoio a vítimas de crime.

 “A intervenção pode e deve ser sempre melhorada no que diz respeito a vítimas de crime”

 

Com esta interação, pretende-se uma reflexão e debate para “melhorar a intervenção”, unindo em torno do assunto “profissionais de variadíssimos setores”.

Alexandra Gaio, gestora do Gabinete de Apoio à Vítima do Alto Alentejo Oeste, em declarações à RC, destaca que este polo, em ano e meio de funcionamento, já possibilitou o apoio e atendimento a mais vítimas que em 2017.

“Os números de apoio no Alto Alentejo Oeste já superaram os números de 2017”

 

À semelhança do cenário a nível nacional, na área de intervenção destaca-se a violência contra mulheres, mas a dirigente realça serem mulheres com mais de 55 anos, geralmente casadas há décadas, refletindo a existência “de uma geração que está a manifestar a sua intolerância face ao crime” e que reuniram agora a “coragem para pedir ajuda”.

Para tal, muito terá contribuído o fator proximidade do gabinete, que tendo na “sua base a itinerância acaba por salvaguardar os direitos ao acesso aos apoios” às populações dos concelhos de Alter do Chão, Avis, Crato, Gavião, Fronteira, Nisa, Ponte de Sor e Sousel

À RC, Hugo Hilário, presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, destaca que numa comunidade em desenvolvimento, “é obrigatório termos a consciência que tem que haver respostas e medidas que tornem a sociedade justa”.

 “Numa sociedade moderna que nós queremos equilibrada, democrática, há coisas que não deviam ter o seu espaço”

 

Numa sociedade moderna, nomeadamente o concelho de Ponte de Sor, que tem “evoluído de forma multicultural e cosmopolita”, tem de existir igualdade de acesso às respostas, aponta o autarca, defendendo a união de esforços para minimização destas situações e dos seus impactos nas vítimas. 

Pela proximidade que tem com a população, é crucial o envolvimento e compromisso do poder local, com a APAV, para garantir que as vítimas de violência sabem que em situações críticas “está lá alguém para os ouvir, apoiar e encaminhar”.

O autarca destaca ainda a importância de “monitorizar as atividades que estão a ser feitas, avaliá-las” e ao seu impacto. O trabalho que tem vindo a ser desenvolvido é uma “aposta ganha pela APAV e por todos os municípios”, conclui.

 

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