O eurodeputado Carlos Zorrinho, eleito pelo PS, no seu comentário desta terça-feira, dia 09 de outubro, começou por falar das eleições brasileiras e da ascensão de Bolsonaro na Brasil e de movimentos semelhantes por todo o mundo, para depois abordar as previsões do FMI sobre a economia portuguesa e o Orçamento de Estado para 2019.
Os resultados da primeira volta nas eleições brasileiras “são resultados muito preocupantes”, que “demonstram um enorme desespero e uma enorme desconfiança dos brasileiros em todo o sistema político que governou o Brasil nos últimos anos”. “Sinceramente, acho que as alternativas são necessárias, mas não são certamente aquelas que são protagonizadas por um candidato a quem podemos aplicar todos os adjetivos negativos, é xenófobo, é misógino, é reacionário, é sectarista, mas os brasileiros são soberanos e há uma pequena esperança de que numa segunda volta possa eventualmente haver uma correção do resultado”, salienta Carlos Zorrinho.
“Hoje vivemos num mundo diferente, num mundo muito acelerado, com muita informação e com muita contrainformação”, no qual e onde as pessoas “que se sentem de alguma forma frustrada com as suas vidas, têm tendência a seguir os novos ícones ou os ídolos populistas que prometem tudo”, refere. Contudo, mesmo associado a questões de insegurança, sentidas pelas populações, “aquilo que ele [Bolsonaro] propõe não é o caminho adequado”, por isso “espero que a experiência não seja traumatizante para o Brasil e que o Brasil continue a ser uma democracia liberal”.
Por outro lado, o eurodeputado socialista sublinha que “era importante que todas as forças que se opõem a Bolsonaro pudessem trabalhar em conjunto, fazendo uma enorme frente democrática”. Para que “não se tornasse as eleições num referendo, porque no fundo o que elas têm sido é um referendo, um referendo a Lula, mas sobretudo um referendo a Lula com muita contrainformação, com muita informação falsa sobre aquilo que foi a ação do governo do PT”.
Sobre as previsões do FMI de um possível abrandamento da economia portuguesa, Carlos Zorrinho explica que “nós somos uma economia muito aberta” e que esta previsão pode estar relacionada também com “estas vitórias de candidatos que são protecionistas, que são globalistas” e que “de alguma maneira Portugal também poderá vir a ter alguma consequência desse efeito”. Contudo, realça que “muitas das projeções não se verificam” e que é preciso “acreditar que o mundo possa ter um crescimento maior”.
Por fim, ao comentar o debate e as negociações para o Orçamento de Estado para 2019, o socialista admite que este “será o orçamento possível” num quadro de posições vincadas, mas democráticas, de ambas as partes, do governo aos partidos da Assembleia da República.