A Direção-Geral da Saúde admite que o confinamento possa ter prejudicado o combate à obesidade infantil e lança, esta segunda-feira, um manual para ajudar os pais a escolherem lanches saudáveis para os filhos levarem para a escola.
No dia em que regressam às aulas presenciais os alunos dos 2.º e 3.º ciclos, a Direção-Geral da Saúde (DGS) lembra que os lanches que as crianças e jovens levam para a escola representam um quarto do consumo energético do dia e aconselha os pais a optarem pelo leite e derivados, como iogurtes e queijos, cereais e pão, fruta, hortícolas e frutos gordos, em pequenas porções e sem adição de sal.
“Sabemos que a pandemia provavelmente veio colocar grandes desafios e pode, de facto, estar a pôr em causa os progressos que estávamos a conseguir obter ao nível da prevalência da obesidade infantil”, disse à agência Lusa Maria João Gregório, responsável pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, reconhecendo que muitas crianças alteraram as suas rotinas, com aulas em formato não presencial e menor atividade física.
Sublinhando a importância de ajudar as famílias a reintroduzir hábitos e rotinas alimentares saudáveis, a especialista disse que o manual lançado pela DGS serve para continuar a trabalhar em conjunto com as famílias, sobretudo porque a maior parte dos lanches que as crianças consomem nas escolas são levados de casa.
“Nestas refeições muitas vezes são consumidos alimentos com pouco valor nutricional e com elevada densidade energética, elevado teor de sal, açúcar e gordura”, afirmou a responsável, acrescentando: “Melhorar a qualidade destas refeições pode, de facto, fazer a diferença”.
O manual da DGS sobre os lanches escolares revela que cerca de 25% da ingestão energética diária das crianças e jovens provém dos lanches (manhã e tarde) e recorda que, em Portugal, 29,6% das crianças entre os 6 e os 9 anos têm excesso de peso, incluindo obesidade.
A DGS lembra ainda que o consumo elevado de refrigerantes e/ou néctares é uma realidade, principalmente na faixa etária dos adolescentes, e que a percentagem de adolescentes que bebe diariamente refrigerantes (consumo diário =220g/dia) é de 42%.
Uma vez que os lanches representam uma parte importante do consumo energético do dia, o manual da DGS pretende ajudar a conseguir lanches saudáveis, sugerindo que façam parte deles alimentos como o leite e derivados (leite, iogurte e queijo), cereais e derivados (pão), hortícolas, frutos gordos (amêndoas e nozes), leguminosas e fruta.
O documento organiza os alimentos em três grupos distintos: os que devem ser privilegiados por terem nutrientes essenciais e baixo teor de sal e/ou açúcar e/ou gordura (iogurte, leite, fruta, pão de mistura, hortícolas e cereais sem açúcar); os que devem ser consumidos apenas de vez em quando, porque geralmente têm elevados teores de sal e/ou açúcar e/ou gordura (sumos de fruta, bolachas, bolos à fatia e leites aromatizados) e aqueles que se devem evitar, como os produtos de charcutaria, refrigerantes, chocolates e barras de cereais comerciais.
“Muitas das avaliações que fazemos à qualidade das refeições mostram-nos que há ainda um trabalho grande a fazer”, reconhece a DGS, alertando para a importância do consumo de água, um alimento que não pode faltar nas mochilas ou lancheiras.