A Prótoiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia e a Associação Nacional de Toureiros lamentam profundamente a morte do matador de toiros José Júlio, figura emblemática da época de ouro do toureiro a pé nacional, vítima de Covid.
Nas palavras de Nuno Pardal, Presidente da Associação Nacional de Toureiros, “É umaperda irreparável para a cultura taurina e portuguesa. Foi um artista extraordinário e uma das figuras da época áurea do toureio a pé português, ombreando com grandes figuras nas principais praças do mundo. É um dia muito triste!“
Nascido em Vila Franca de Xira, em 1935, oriundo de uma família com tradições taurinas, o seu pai foi bandarilheiro, era irmão do bandarilheiro Dário Venâncio e tio do também bandarilheiro David Antunes. Do lado materno tinha ascendentes pegadores de toiros.
Formou-se na Escola de Toureio da Golegã, do mestre Patrício Cecílio, estreando-se em 1955, num festival taurino realizado na Praça de Touros do Cartaxo. A alternativa veio no ano de 1959, na praça de Saragoça, onde recebeu a alternativa, a 11 de outubro, das mãos de Manuel Jiménez Moreno «Chicuelo».
Considerado um dos matadores portugueses mais completos, era extraordinário na sorte de bandarilhas, aliando a arte a um enorme valor, o maestro José Júlio partilhou praça com alguns dos mais destacados toureiros do seu tempo, passando a sua carreira pelas principais praças de Portugal, Espanha, França, México, incluindo países como a Indonésia, Macau, EUA, Canadá entre outros.
Estreou-se em Madrid a 24 de setembro de 1959, cortando uma orelha, sendo o primeiro matador português a consegui-lo na principal praça do mundo. A estreia na Monumental do México deu-se a 2 de fevereiro de 1964.
Consagrou-se em Sevilha frente a uma corrida de Miura, a 28 de Abril, na Feira de Abril, frente ao toiro “Pegajoso”, ao qual cortou as duas orelhas e deu três voltas à arena. No segundo do lote foi colhido com dramatismo. Esta colhida deu origem à célebre crónica do escritor Alves Redol, seu primo, no Diário de Lisboa, intitulada “Sombra e Sangue”, onde Redol escreveu: “Uma cornada de um toiro não valia um passe de capote. E podia valer uma vida. Aquela arte escreve-se com sangue. É um poema dramático escrito com sangue. Mas é preciso ainda que o tributo se pague com a dignidade de quem não regateia preço para chegar ao cimo.”
Despediu-se definitivamente das arenas em Outubro de 2009, com 74 anos de idade, numa corrida em Vila Franca de Xira, triunfando. Foi ainda responsável pela formação de novos toureiros como professor da Escola de Toureio José Falcão. O seu legado não será esquecido.
A PROTOIRO e a ANDT endereçam à sua família e amigos as mais sentidas condolências.
foto: Sol&Sombta