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Noticia Rádio Campanário: No Alandroal enterram-se na mesma cova corpos sobre corpos sem parentesco (c/som)

A Rádio Campanário recebeu uma denuncia de que no cemitério de Alandroal, se enterram pessoas por cima de outras sem serem da mesma família e sem que os familiares seja informados deste procedimento.

Segundo a informação que chegou a esta Estação Emissora, através de Mariana Crispim Cardoso, o seu pai faleceu no dia 5 de dezembro de 1995, tendo sido sepultado no cemitério de Alandroal.

Desde essa altura que anualmente, duas a três vezes por ano, visitava a sepultura do seu pai, colocando flores e arranjando a campa, que tinha uma cruz com o seu nome e data de nascimento e falecimento e ainda jarras com flores.

Numa dessas visitas, a última, ocorrida no dia 1 de novembro de 2016, verificou que na campa onde estava o seu pai, João António Crispim, se encontravam coroas e arranjos de flores de outro defunto, e do seu pai, não havia quaisquer indícios de que ali estivesse sepultado ao longo de todos estes anos.

Mariana Cardoso conta que não sabe o que foi feito aos restos mortais do seu pai, mas “a terra estava toda mexida”.

Mariana Cardoso, conforme refere, fez esta visita ao cemitério acompanhada do marido e da família e de outras pessoas, e depois de ter percorrido o cemitério, segundo afirma, a sua filha terá encontrado “junto aos arbustos”, os seus pertences da campa do seu pai. Procurado o coveiro, e depois de lhe pedir explicações, o mesmo ter-lhe-á dito inicialmente que não sabia o que tinha acontecido, mas veio posteriormente a confessar que naquele lugar tinha sido sepultada uma outra pessoa.

A fim de saber onde se encontram os restos mortais do seu pai, e o porquê de não ter sido informada de toda a situação, Mariana Cardoso questionou insistentemente o coveiro, tendo este dito que “não sabia”.

Segundo garante, a Câmara Municipal de Alandroal não a informou nem notificou, nem tão pouco alertou de que “tinha que comprar a terra ou então que tinha de levantar a ossada”.

Mariana Cardoso diz que o coveiro lhe transmitiu que “a ossada tinha ficado na mesma sepultura”, tendo sido colocado por cima um outro corpo, ou seja, na mesma cova encontram-se dois corpos, de famílias diferentes e este ultimo foi sepultado no dia 4 de outubro deste ano, conforme refere.

Salienta que até agora nunca foi notificada pela Câmara de Alandroal, para levantar os restos mortais do seu familiar, apesar do coveiro lhe ter dito que “não tinha deitado fora as coisas (a cruz e as jarras) porque sabia que eu ia lá. Portanto se eles sabiam que eu existia, sabia que nos íamos lá e nunca nos alertou para tal situação”.

Questionada sobre o que pensa fazer depois de ter tido conhecimento desta situação, Mariana Cardoso diz que já falou com o vereador do pelouro, Inácio Germano, tendo-lhe explicado o que estava a acontecer.

O autarca depois de colocado ao corrente da situação, como conta a ofendida, “pediu desculpas pelo que estava a acontecer e de nunca me ter notificado e ia tentar ver o que poderia fazer”, mas que “não tem conhecimento de parte das coisas porque não vai ao cemitério para não se chatear com o coveiro”.

Sublinha que o vereador a informou sobre a quem pertencia o corpo que foi sepultado por cima do corpo do seu pai, ao que Mariana Cardoso foi falar com a viúva que a autorizou a que fosse de novo aberta a campa “e se retirasse o caixão do marido para tirar os restos mortais do meu pai, mas é obvio que eu não ia fazer isso porque me parece ser um crime”.

Diz ainda que falou com a presidente da Câmara Municipal de Alandroal, Mariana Chilra, que depois de a ter escutado sobre o que se está a passar, a informou de que iria falar com a pessoa responsável e que lhe iria responder por escrito, ao que, conforme refere Mariana Cardoso, depois de ter aguardado alguns dias, não recebeu qualquer comunicação da autarquia, pelo que resolver fazer “uma reclamação por escrito, que foi entregue no dia 16 de novembro” acompanhada “de um relatório médico meu porque tenho andado com uma depressão devido ao que se está a passar”, tendo recebido na semana passada a resposta de que “foi aberto um inquérito para apurar quem é o responsável”.

Assegura que no cemitério de Alandroal não existem “gavetos nem ossários” para colocar os restos mortais daqueles que não adquiram a terra para uma campa definitiva, exigindo que neste caso, “haja humanidade porque não está a haver respeito e é triste como a nossa vida vale tão pouco e deixar o meu pai por baixo de uma outra pessoa em que o nome dessa pessoa possa ser colocado e o meu pai estar por baixo” e não poder ter o seu nome inscrito na sepultura.

Considera Mariana Cardoso que o seu pai, com esta situação “foi abandonado”.

A Rádio Campanário contactou a Câmara Municipal de Alandroal a fim de se pronunciar sobre esta questão, tendo falado com o vereador do pelouro, Inácio Germano.

Segundo declarações do autarca, de facto este cemitério não possui ossário, existindo apenas “um forno para a destruição de ossadas”, pelo que, habitualmente os restos mortais “vão para destruição”.

Sobre ter sido enterrado um corpo por cima de outro sem serem da mesma família e sem que a família tivesse sido notificada sobre este procedimento, o vereador diz que já teve conhecimento do que se passou, lamentando “que tenha acontecido”, afirmando que mandou “abrir um inquérito e estamos a apurar para saber o que é que se passou”.

Salienta que apenas sabe o que lhe foi transmitido, daí que não queira avançar com mais informação sobre esta matéria. Questionado sobre se já falou com o coveiro diz que falou “com quem tinha que falar”, afirmando que “se falei com o coveiro é um assunto interno da câmara”.

No que diz respeito à existência de um local para serem colocadas as ossadas, quando a famílias não adquirem a terra para uma sepultura permanente, diz que, apenas existe “um forno” para a sua destruição, afirmando que não controla quem está a exercer as funções no cemitério “quando não estou a ver”.

Quando lhe é perguntado como vai ser resolvida uma situação tão delicada, o vereador diz que “só se pode mexer num corpo até aos três anos com a autorização do tribunal. Se houver ordem positiva teremos de levantar. Neste momento estamos a apurar o que é que se passou para tomar as ações”.

Sobre se já foi pedida essa autorização ao tribunal, diz que não, embora reconheça que seja “um assunto muito sensível, por isso temos que tomar muito cuidado com o que estamos a fazer”.

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