O número de casais reprodutores de águia-imperial-ibérica, uma das aves de rapina mais ameaçadas da Europa, aumentou de 14 em 2019 para 21 este ano no Alentejo, região que concentra a maioria dos existentes em Portugal.
Este ano, na região, foram registados 21 casais reprodutores de águia-imperial-ibérica, mais sete do que em 2019, informa a direção regional do Alentejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), à Lusa.
Os 21 casais reprodutores registados no Alentejo representam a “grande maioria” dos 24 existentes atualmente em Portugal, disse à Lusa fonte daquela direção regional, referindo que os restantes três estão na zona do Parque Natural do Tejo Internacional e envolvente.
Segundo o ICNF, as zonas de proteção especial (ZPE) de Castro Verde e do Vale do Guadiana, no distrito de Beja, no Alentejo, “têm vindo a consolidar-se como as principais áreas de ocorrência da espécie em Portugal”.
Dos 21 casais registados no Alentejo, chegaram ao final da época de reprodução deste ano 20 crias voadoras, mais uma do que na época de 2019, indicou a fonte, referindo que os três casais que vivem na zona do Parque Natural do Tejo Internacional e envolvente deram origem a cinco crias.
De acordo com o ICNF, este ano, no Alentejo, procedeu-se à marcação com emissores e ao consequente seguimento de mais três crias de águia-imperial-ibérica.
Por isso, na época de reprodução deste ano, foi possível resgatar e socorrer em tempo útil duas de três crias que nasceram no Alentejo e caíram do ninho e depois encaminhá-las para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres da Câmara de Lisboa para serem recuperadas.
Uma dessas crias de águia-imperial-ibérica já foi recuperada e vai ser libertada pelo ICNF na quarta-feira, na Serra de Alcaria Ruiva, no concelho de Mértola, também no distrito de Beja.
De acordo com a direção regional do ICNF, no Alentejo, durante a época de reprodução deste ano de águia-imperial-ibérica, ocorreram “alguns acidentes naturais”, que afetaram a reprodução de novas crias, devido a duas principais causas: os fortes ventos sentidos no final de abril e as ondas de calor do final de julho.
Os fortes ventos provocaram a queda de cinco ninhos, com a consecutiva perda das respetivas posturas, e as ondas de calor “comprometeram o sucesso reprodutor” e “fatalmente” estiveram na origem da morte por desidratação das crias em outros três ninhos.
Segundo o ICNF, desde 2004 que Portugal e Espanha trabalham em colaboração para a conservação da águia-imperial-ibérica e os resultados da monitorização das aves com emissores dos últimos cinco anos têm-se revelado “bastante interessantes”.