A Rádio Campanário, no passado dia 3 de fevereiro, marcou presença na Eucaristia em Honra de Nossa Senhora das Candeias, em Mourão, onde o arcebispo de Emérito da Arquidiocese de Évora, D. José Alves, prestou declarações aos microfones da rádio.
Questionado acerca dos apoios cedidos pelo estado às instituições de cariz católico e da sua opinião acerca das populações do interior do Alentejo continuarem bastante isoladas começou por referir que “é um facto que as populações do interior do país e concretamente as do Alentejo estão isoladas”. Adiantando ainda, não coloca os meios principais do Alentejo como algumas vilas e cidades na mesma situação que as aldeias, mas refere que grande parte das aldeias da região alentejana estão a “definhar”. Para este problema, o arcebispo de Évora aponta a “falta de gente nova” como causa. O facto de não existir emprego é algo que distancia os mais jovens de estabelecerem vida no Alentejo e se não existem jovens, consecutivamente não haverá nascimento de mais crianças e a desertificação populacional aumentará.
“O Alentejo que corre um pouco para o deserto geográfico está também no perigo de correr para o deserto social”, D. José Alves diz que apesar do Governo ultimamente ter alertado para estes problemas não se tem verificado “situações concretas e apoios concretos” para combater este cenário, o arcebispo Emérito frisa que “palavras boas e intenções boas vemo-las por todo o lado”.
O Arcebispo que está no Alentejo há bastante tempo, olha para a despovoação “com muita pena”, mas não esquece o apoio de instituições que se ocupam de prestar serviços à população, nomeadamente as populações mais idosas e mais isoladas. “Temos o setor social que Graças a Deus está capilarmente distribuído por todas as zonas do Alentejo”, diz D. José Alves, referindo que a maior parte das pessoas carenciadas conseguem encontrar “um centro social, uma Santa Casa da Misericórdia ou um lar para as acolher”.
O arcebispo congratula-se das anteriormente referidas atividades de caráter social, e diz que o governo deveria de olhar com “mais generosidade” para o setor social, dando o exemplo do aumento do ordenado mínimo, que classifica como “ótimo”, mas diz que o governo também “devia aumentar as comparticipações que dá às instituições de caráter social para que possam pagar o ordenado mínimo ou até mais” aos seus funcionários. D. José Alves finaliza ao dizer que, “se o estado de um lado exige e do outro lado não ajuda, há uma contradição”.