A sobrevivência das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) continua na ordem do dia, uma vez que o Governo reduziu a dotação de apoios de 50 para 35%.
Neste sentido a Rádio Campanário falou com Tiago Abalroado, presidente da UDIPSS – Évora, que começa por referir que “é uma luta diária, não podemos circunscrever o contexto da cooperação com a realidade distrital”.
Tiago Abalroado explica que “toda a dimensão relacionada com o financiamento das respostas sociais é decidido centralmente através das confederações nacionais e do Estado”, acrescentando que “existem algumas dificuldades e poderia ser feito muito mais, as instituições passam por períodos de dificuldade, muitas estão com graves problemas financeiros”.
“Esses problemas financeiros são reforçados com o aumento dos custos ano após ano”
Tiago Abalroado
Para o presidente “as despesas aumentam, mas as receitas mantêm-se”, justificando que “as instituições não podem aumentar o custo junto dos utentes, uma vez que deixariam de ser instituições de apoio aos pobres”.
Tiago Abalroado considera que “as mensalidades têm de ser ajustadas aos salários e aos rendimentos de cada pessoa”, referindo que “o Estado devia optar por um caminho de diferenciação e não pelo caminho que tem levado até agora que passa por um caminho de homogeneidade”.
Segundo o presidente da UDIPSS – Évora “a sociedade e o território não são homogéneos, e o Estado tem que organizar a metodologia da cooperação e do financiamento ás instituições numa lógica de diferenciação positiva do território”.
Para Tiago Abalroado “as respostas não são quadradas, um centro de dia, um lar de idosos ou um centro de acolhimento ocupacional são respostas que começam a estar gastas no modo em que foram concebidos”.
“Hoje em dia cada instituição tem a missão de olhar para o território e organizar a resposta mais adequada”
Tiago Abalroado
Tiago Abalroado afirma que “os apoios públicos, quando são concedidos, têm de ter em conta esta particularidade do território”.
O presidente mostra-se convicto de que “se todos os distritos trabalharem como nós aqui em Évora trabalhamos, será dado um grande passo para que os decisores políticos tomem consciência desta realidade”, acrescentando que “o poder central tem de descer ao território para poder ter noção que apenas com a diferenciação será possível avançar”.