O Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, presidiu na manhã de hoje à Eucaristia no Santuário do Senhor Jesus da Piedade, em Elvas.
Em declarações no final da Eucaristia referiu que esta foi diferente das habituais celebrações em honra do Senhor Jesus da Piedade e que o fez lembrar o 13 de maio em Fátima e quando o Papa Francisco subiu sozinho a Praça de São Pedro.
“Eramos mais hoje, mas este ano foi absolutamente diferente. Este ano é diferente. É curioso que a pandemia foi encarada pela Igreja no dia 13 de março, aí declarámos que não podia haver culto público e estávamos a viver o segundo domingo da Quaresma. Acho que a pandemia traz muitas mensagens, não sei se não será o espelho do que é sociedade, do que é o tratamento que fazemos ao planeta, do que é a situação que nós próprios geramos”.
D. Francisco Senra Coelho relembra a frase do Papa “Ouvimos o grito da Terra e dos pobres”.
“Esta pandemia é um grito do planeta, o planeta está doente e vomita doença. Junta-se o grito dos pobres que são os excluídos, que são os explorados ao serviço da exploração do planeta”, frisa.
Sobre a celebração afirma que “hoje vivemos como pudemos esta nossa cidadania nesta bela cidade museu que é Elvas, este grande sinal da liberdade de Portugal porque nesta fortaleza se defendeu Portugal. Vivemos como pudemos, mas num ano muito diferente. Onde está a festa do Senhor Jesus da Piedade de séculos sempre com a música, com os bailes, as tendas, a feira? Não está, estamos nós a dizer que está viva a memória”.
O Arcebispo de Évora afirma que se houve um sentimento de proximidade e de família que “víamos nos olhos uns dos outros”.
“Na nossa cidadania, na nossa vizinhança e nas nossas paróquias temos de olhar mais uns para os outros. Não podemos fazer muito, mas podemos no nosso quotidiano fazer alguma coisa em vizinhança, em cidadania para que o mundo seja mais próximo da beleza que é o amor. Tudo o que o amor faz é belo”.
Sobre a união da Igreja explica que “há uma história de epidemias e vencemos. (…) Esta peste que estamos a viver, chamemos-lhe assim, vai passar como todas passaram. Poderá haver uma diferença e com a mudança climatérica poderemos começar a ter muitas e seguidas transformações biológicas, Deus queira que não, mas se esta for de facto na linha normal mais uma peste, passará e nós seremos o fermento que liga a cadeia do antes da peste ao depois da peste. A Igreja ao viver este momento tem depois de ser melhor do que antes”.