Naquele tempo não havia Natal na nossa casa. Sabíamos que era Natal, porque o calendário pendurado na parede do fundo da escada o anunciava com o 25 a vermelho. Depois era só esperar pelas vésperas, altura em que a nossa excitação crescia com a expectativa da chegada dos padrinhos com os filhos, os nossos companheiros das brincadeiras das férias grandes, cujos avós os esperavam fervendo em ânsias de saudades. Moravam ali mesmo, na casa ao lado da nossa. De forma que, sempre que roncava um carro pela rua acima, precipitávamo-nos de imediato para a janela a confirmar a tão desejada vinda. Depois… Bem, depois era o reboliço das vozes, dos abraços e dos beijinhos. – Então compadre, como é que isso vai? – E a comadre, vai melhorzinha? – Para nós, era como se fossem da nossa família. Pelo menos era assim que o sentíamos, como se fossem nossos também.
Sendo um jantar em que toda a família se reúne à mesa e ninguém tem pressa para sair é normalmente uma refeição reforçada.
Como prato principal e cumprindo a tradição serve-se o bacalhau acompanhado de couve portuguesa, batata, cenoura e ovo cozido. Além do bacalhau está também presente na mesa o peru assado/ recheado e algumas famílias servem ainda nesta noite ou no almoço do dia seguinte o polvo assado.
Depois da refeição seguem-se os doces… (aqueles que evitamos durante todo o ano e que nestes dias são um autêntico manjar dos deuses).
Começamos pelo arroz doce, que nada mais é do que arroz cozido em leite com açúcar um pau de canela e ovos (sendo estes 2 últimos opcionais). Depois de cozido é servido numa travessa ou em taças individuais e polvilhado com canela.
As fatias douradas ou rabanadas são outro doce também presente nesta quadra e fora dela também. Esta receita é muito fácil, e rápida de fazer, corta-se o pão em fatias, molha-se em leite, depois passam-se por ovo e fritam-se. Servem-se polvilhadas com açúcar e canela ou podem ser regadas com mel ou qualquer outra calda doce.
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