23.2 C
Vila Viçosa
Quinta-feira, Setembro 19, 2024

Ouvir Rádio

Data:

Partilhar

Recomendamos

“O necessário é criar mais casas para residentes”. José Botelho sobre redução de 40% de camas em Grândola.

A Câmara Municipal de Grândola anunciou a intenção de reduzir em cerca de 40% o número de camas turísticas previstas, o que equivale a uma diminuição de 7.100 camas. Esta decisão, que inclui a limitação de novos empreendimentos turísticos e a redução das áreas de construção nas freguesias litorais, tem como objetivo reorientar o crescimento para o interior do concelho e focar na criação de habitação para os residentes locais. A proposta de alteração do Plano Diretor Municipal (PDM), liderada pela CDU, foi aprovada com os votos favoráveis da coligação e a abstenção do Partido Socialista, estando agora em fase de discussão pública até 14 de outubro.

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, em declarações ao Jornal Económico, apoia a promoção do turismo no interior do país, mas sublinha a importância de priorizar a construção de habitação para a população local. “O que é realmente necessário não é tanto o turismo, mas sim criar condições e mais casas para os residentes. Grândola tem perdido população nos últimos dez anos e é crucial inverter essa tendência”, afirmou.

Botelho destacou ainda a necessidade de maior investimento em infraestruturas urbanas, como cultura, educação e saúde, para atrair empresas e residentes à região. Referiu que o crescimento do turismo deve ser acompanhado por infraestruturas adequadas, evitando a proliferação de pequenos projetos turísticos sem condições necessárias. No entanto, garantiu que as novas propostas do PDM não irão afetar os projetos da Vanguard Properties na Comporta, como “Torre” e “Dunas”, que já estão aprovados, e “Muda”, um projeto exclusivamente residencial.

O presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo , José Santos, mostrou-se cauteloso em relação às novas medidas, reconhecendo a importância de gerir a pressão turística, mas alertando para as possíveis consequências para os direitos adquiridos dos operadores privados. “É fundamental garantir que estas medidas não coloquem em risco os direitos adquiridos e a dinâmica turística prevista para a região, que aspira a ser um destino turístico de escala europeia”, disse Santos.

Santos recordou que, apesar de a autarquia já ter aprovado as propostas, estas ainda estão sujeitas a decisões de outras instâncias. Destacou que negociações anteriores levaram à redução em 50% de alguns projetos, diminuindo a capacidade prevista em 3.500 camas, mas alertou para a necessidade de avaliar cuidadosamente as alterações substantivas que estão a ser propostas.

O pipeline de desenvolvimento turístico para os próximos cinco a dez anos prevê um aumento significativo na oferta de alojamento na região do Alentejo e Ribatejo, com mais de 5.500 novas unidades, que poderão corresponder a cerca de 20 mil camas turísticas fixas. “O município está a tentar gerir a pressão turística de forma responsável, mas resta saber como estas novas regras serão interpretadas pelos operadores privados e se as expectativas criadas serão cumpridas”, concluiu José Santos.

Foto: Idealista

Populares