O peixe-mão-liso foi declarado extinto mais de 200 anos depois de ter sido capturado o último exemplar, ao fim de décadas a ser procurado, sem sucesso.
Incapaz de saber que estava prestes a conservar o último exemplar da espécie, o naturalista francês François Péron colocou um espinhoso peixe australiano num frasco, em 1802, com intenção de o expor no Museu de História Natural de Paris.
Conhecido como peixe-mão-liso, a espécie Sympterichthys unipennis foi declarada extinta este ano pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. O último exemplar conhecido foi precisamente o de Péron. Contudo, os investigadores dedicaram décadas ao estudo extensivo da biodiversidade marinha australiana, antes de declararem, com toda a certeza, que a espécie estava extinta.
O que resta do animal, apanhado algures na costa sudeste da Tasmânia, encontra-se exposto no Museu de História Natural de Paris. Com uma barbatana dorsal sobre a cabeça – que faz lembrar uma crista punk – e olhos esbugalhados, o peixe-mão-liso bateu recordes ao tornar-se o primeiro peixe ósseo extinto nos tempos modernos.
Sobre o desaparecimento da espécie, citado pelo Guardian, Graham Edgar, um biológo marinho da Universidade da Tasmânia, acredita que “não é possível indicar esta ou aquela causa particular”.
Desde a colonização, que se tem assistido a uma diminuição substancial da fauna e flora. Sete espécies de animais não são avistadas há mais de 20 anos e, no caso específico da Tasmânia, três espécies encontram-se listadas como criticamente ameaçadas (o peixe-mão-vermelho, peixe-mão-manchado e o peixe-mão-de-Ziebell).
Graham Edgar avança que a ‘tempestade perfeita’ de ameaças, que vai desde dragagens que destroem populações de vieiras e ostras ao escoamento de sedimentos industriais e às alterações climáticas, podem explicar a perda de biodiversidade.
“Cerca de 40% das espécies de recifes pouco profundos no sul da Tasmânia estão a mostrar um rápido declínio populacional. Todo o sistema marinho do sudeste mudou substancialmente nos últimos 100 anos”, explica o professor universitário.
(Fonte: Revista Visão)