O eurodeputado Nuno Melo, eleito pelo CDS-PP, no seu comentário desta quinta-feira, dia 21 de fevereiro, abordou a moção de censura apresentada pelo CDS-PP e o seu chumbo por parte das esquerdas, bem como toda a problemática das greves dos profissionais de enfermagem.
Sobre a moção de censura, Nuno Melo, começou por dizer que “esta moção teve duas virtudes, sendo a primeira chamar a atenção para o estado da governação (…) o país está preso por fios e esta censura tem de ser feita. Um governo que se comporta assim não merece uma autoestrada na governação. A segunda virtude é mostrar a hipocrisia de quem no Bloco e no PCP faz de conta, a 4 meses das eleições europeias, que critica o governo”. O eurodeputado disse aos microfones da Campanário que “uns e outros criticam o governo, mas depois quando uma censura é apresentada colocam-se do lado do governo porque o poder pode mais”.
Nuno Melo diz que “a critica que é feita pelo Bloco e pelo PCP não passa de uma encenação”, o eurodeputado pelo CDS-PP acrescenta mesmo “eles têm de fazer uma encenação para agradar ao seu eleitorado, mas na realidade são iguaizinhos a este governo que tem feito muito mal a Portugal”.
Quando questionado pela Campanário sobre os comentários dos partidos do governo, que consideraram a moção um “marcar de posição” pelo CDS, Nuno Melo diz que “no passado o PS, PCP e BE também apresentaram moções de censura que já sabiam que iriam ser vetadas”. A RC procurou saber se Nuno Melo já esperava este desfecho, ao que o eurodeputado disse “se a extrema esquerda fosse coerente teriam votado a favor, mas as críticas que fazem ao governo são de faz de conta, o que lhes interessa mesmo é mostrar o poder”.
Sobre a posição do PSD e a sua “timidez” durante o processo de discussão da moção de censura, onde nem sequer esgotou o tempo de intervenção que lhe era destinado, Nuno Melo diz que “votou a favor e isso é o que interessa, para mim o importante é que o espaço de direita esteja junto, gosto mais quando o PSD, ainda que timidamente, vote junto com o CDS do que quando vota com o PS”.
Quando questionado pela RC sobre os motivos deste comportamento tão tímido do PSD, Nuno Melo diz que “penso que terá a ver com os objetivos pré-eleitorais, em que qualquer partido político tenta ter o maior número de ganhos. Dessa perspetiva a iniciativa do CDS pode ter causado algum desconforto no PSD”. A Campanário questionou o eurodeputado sobre se o PSD se estaria a colocar em posição para eventuais coligações com a direita ou com a esquerda, ao que Nuno Melo disse “penso que não, mas se eu fosse social democrata teria sido mais afirmativo, pois era uma oportunidade para quem faz oposição de marcar posição contra estes atentados ao país. Quando prescindiram do tempo perderam uma oportunidade de serem contundentes na oposição ao governo”.
A Rádio Campanário questionou Nuno Melo quanto ao possível reforço do governo e dos partidos que o sustentam depois deste chumbo na moção de censura, o eurodeputado respondeu que “uma guerra é feita de muitas batalhas, em muitas dessas batalhas o resultado é o desgaste. A moção ajudou a mostrar que qualquer critica por parte de Catarina Martins ou Jerónimo de Sousa é puramente instrumental e falsa, ajudou também a mostrar os pecados desta governação”.
Para finalizar a sua rúbrica semanal nesta emissora, Nuno Melo foi questionado quando a toda a problemática da greve dos profissionais de enfermagem. O eurodeputado diz que “a minha primeira preocupação quando se fala de saúde está nos doentes”, acrescentando que “qualquer forma de protesto ou de greve, que é legítima, não pode lesar o lado frágil da contenda, neste caso os utentes dos serviços saúde”. Nuno Melo afirmou mesmo aos microfones da Campanário que “quando uma greve coloca em risco o bem-estar das pessoas, existe um mal maior que não pode ser sacrificado”.
Nuno Melo considera ainda que “o governo animou os enfermeiros a reagirem e agora condena-os”, relativamente ás questões legais da greve o eurodeputado considera que “nós vivemos num estado de direito com o princípio da separação de poderes, e temos de respeitar as decisões dos tribunais (…) quando os sindicatos respeitam esta decisão, por esse lado vejo a decisão como positiva”.
Relativamente ao enfermeiro que entrou em greve de fome, Nuno Melo diz que “existe um enfermeiro que quer fazer greve de fome, tem esse direito, é uma opção dele, não sei se terá grandes resultados, quanto mais não seja ganha alguma notoriedade”. “Uma greve de fome não pode servir como medida de coação, as negociações têm de ser retomadas”.