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Segunda-feira, Novembro 25, 2024

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“O que faz falta aos setor dos vinhos no nosso país é a marca Portugal, para que haja reconhecimento”, diz José Manuel Anjinho (c/som)

Estremoz recebeu este sábado, no Museu Berardo, a iniciativa CULTOURWINE, um evento onde a cultura e o vinho surgem de mãos dadas.

A iniciativa contou com provas de vinho de 7 adegas de referência (Adega Monte Branco; Bacalhôa Vinhos de Portugal/Quinta do Carmo, Vinhos de Portugal; Herdade do Pombal; Herdade dos Outeiros Altos; Howard’s Folly; João Portugal Ramos e Tiago Cabaço Winery); Wine Talks; Atuações do Grupo de Cante Alentejano ‘Os Da Boina’ e atividades para crianças.

Este foi um evento promovido pelo Município de Estremoz e que teve como objetivo unificar a cultura ao vinho, proporcionando a todos os visitantes, uma experiência memorável num espaço magnífico, com a possibilidade de conhecimento e degustação de vinhos de referência.

A Rádio Campanário esteve presente e falou com José Manuel Anjinho, da Herdade do Pombal, uma das adegas presentes neste evento, a respeito dos seus vinhos e do tipo de produção desta adega do concelho de Estremoz.

Em declarações à nossa redação, questionado sobre a localização da adega, José Manuel Anjinho começou por referir que “estamos situados a 2km do centro da cidade de Estremoz, junto a um lugarejo que é a Folgada, e a Herdade do Pombal é próxima do castelo. Existimos como produtores de vinho desde 2001, anteriormente vendíamos a nossa produção de uva a outros produtores e, o nosso conceito são os vinhos de quinta, não compramos uvas nem vinho a nenhum outro produtor, e transformamos apenas a nossa produção. Temos uma produção média de 100 mil garrafas por ano, são 25 hectares de vinha e, comercializamos no mercado nacional, que é o principal foco. Temos uma gama relativamente pequena, que é o Herdade do Pombal Colheita e o Reserva e temos também um mono-casta. O nosso conceito é um pouco de produtor de vinho clássico, não do novo mundo, mas sim de brutalês. No novo mundo, os produtores têm uma gama muito mais ampla, num produtor mais clássico, do velho continente, a gama é centrada em menos vinhos”.

A produção biológica é outra, a nossa é produção integrada, todos os nossos vinhos, toda a nossa agricultura, toda a nossa viticultura, é produção integrada, que já tem um grande controlo do uso, da aplicação de todo o tipo de agroquímicos. Na produção biológica também é possível utilizar alguns agriquímicos, mas ainda é mais restrita”, acrescentou.

Questionado sobre a escolha da melhor casta para o melhor dos seus vinhos, José Manuel Anjinho referiu que “utilizamos as castas que são tradição no Alentejo e que têm um longo historial no Alentejo, ou seja, castas autóctones, Aragonez, um pouco de Trincadeira nos tintos, nos brancos, temos o Antão-Vaz e o Arinto. Nos tintos, além do Aragonez e da Trincadeira, temos também um pouco de Cabernet e Touriga Nacional e de Syrah, no entanto a nossa casta predominante é o Aragonez, em segundo lugar o Cabernet, que eu pessoalmente considero uma das melhores e mais constantes, em termos de qualidade de castas a nível mundial”.

Questionado se tem os seus vinhos noutros países, uma vez que a prioridade é o mercado nacional, o produtor de vinho referiu que “com certeza, temos noutros países e temos vindo também a aumentar a exportação. Atualmente exportamos para Suíça, Luxemburgo, Alemanha, Angola, EUA e agora começámos também a exportar para a China”.

Questionado sobre as maiores dificuldades do setor dos vinhos neste momento, o produtor deu a sua opinião e referiu que “a maior dificuldade do setor dos vinhos em Portugal, em termos internacionais, é a falta da marca Portugal. Quer dizer que nós temos excelentes vinhos, abençoados pelo clima que temos aqui no sul da Europa, temos uma variedade de microclimas que permitem excelentes vinhos do norte a sul do país, há regiões que permitem ter vinhos mais constantes em termos de qualidade, o Alentejo é sem dúvida uma delas, mas em todo o país temos excelentes vinhos. Falta-nos sim a marca Portugal para sermos conhecidos com um país que tem bastante qualidade, não só nos vinhos, mas falta essa marca, que não é ainda muito conhecida, e no setor dos vinhos tem sido feito um trabalho incrível, um trabalho muito bom, épico, mas que demora muito tempo a dar os seus frutos, a introduzir os vinhos nos mercados, torná-los conhecidos, fazer com que as pessoas escolham o vinho português, que seja reconhecido perante o consumidor, mas que não sejamos só conhecidos pelos vinhos baratos, baratos mas com bastante qualidade. Por vezes o consumidor desconfia sempre, como diz o ditado, quando a esmola é muita, o santo desconfia. Há ainda um grande trabalho para ser feito”.

A marca tem que ser promovida e para isso existe um organismo, que é a ViniPortugal, que se encarrega precisamente da produção dos vinhos portugueses no estrangeiro, e que tem feito um grande trabalho, os vinhos portugueses não estariam a começar a ter o reconhecimento internacional se não fosse o trabalho que a ViniPortugal vem a desencadear desde a sua fundação, mas passa um pouco por um conjunto de mais organismos que não só a ViniPortugal, porque é mesmo a marca Portugal que faz falta nos vinhos”, finalizou.

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