As burlas constituem um fenómeno criminal em crescendo, em contraciclo com a tendência da criminalidade geral no nosso país. Apesar da existência de um maior acesso à informação e uma população mais informada, o célebre “conto do vigário” continua a ser uma forma eficaz de obtenção ilegítima de valor patrimonial alheio.
Em 2019, verificaram-se 6.758 casos de burla informática e nas telecomunicações, um valor que subiu para os 10.910 entre janeiro e outubro deste ano, de acordo com o comunicado hoje enviado pela PSP.
Os idosos continuam a ser as principais vítimas de vários tipos de burlas praticadas pelos suspeitos. Contudo, esclarece a PSP, nos últimos anos, e acompanhando a evolução tecnológica e as potencialidades do mundo digital, estes têm atingido outro tipo de vítimas.
De entre os potenciais riscos a que, inevitavelmente, os utilizadores se expõem com o uso das novas tecnologias, a PSP destaca este ano a burla que ficou conhecida por “Olá pai, olá mãe”, cujo número de ocorrências tem vindo a aumentar.
Para a prática deste crime os suspeitos, através de mensagem escrita em aplicação de comunicação (maioritariamente WhatsApp), remetida de um número de contacto identificável, apresentam-se como um familiar muito próximo (filh@) da potencial vítima, seguindo usualmente duas variantes de abordagem:
1. Refere que o telemóvel do filh@ avariou, ou que se perdeu, e que o contacto telefónico agora utilizado será o seu único contacto até reparação ou aquisição de novo equipamento;
Ou,
2. Refere que alterou o contacto telefónico e que o número utilizado para remeter a mensagem passará a ser o seu habitual e único número.
3. Utilizam, na aplicação whatsapp, fotografia do familiar da vítima pela qual se fazem passar por forma a credibilizar a origem do contacto.
A partir desta abordagem inicial o diálogo através de mensagens continua, para dar credibilidade à história, considerando e confirmando que se tratará de uma relação familiar próxima e estruturada, até chegar ao propósito pretendido, solicitar a transferência ou envio por intermédio de plataforma de uma quantia monetária, com a justificação de que se destina ao pagamento da reparação ou aquisição de um novo telemóvel, ou pedido de “empréstimo” para liquidar uma despesa urgente.
As ocorrências sinalizadas registam-se por todo o território nacional, com especial incidência nas zonas urbanas de maior densidade populacional. É importante salientar que, quando a vítima tenta o contacto através de chamada de voz, a mesma não é atendida e é remetida mensagem escrita com uma justificação e incentivando o contato só por mensagem escrita.
Com o intuito de reduzir o risco de vitimização, a PSP aconselha:
– Ligue sempre para o número original dos seus filhos e, caso consiga falar com eles e confirmar que se trata de uma tentativa de burla, reporte a situação de imediato à PSP.
– Não realize qualquer transferência de dinheiro sem, pelo menos, previamente conseguir falar de viva voz e reconhecer a pessoa com quem pensa estar em conversação;
– Despiste possíveis tentativas de burla com perguntas simples que, em princípio, o seu familiar conheça (quais as datas de aniversário de ambos, qual o curso e a universidade que frequentam ou frequentaram, qual a matrícula do carro da família, etc);