A Ordem dos Médicos, segundo noticia avançada pela Rádio Renascença, através do seu Bastonário, apelou este domingo para que a nível judicial se possa considerar “uma ação urgente, em defesa das pessoas doentes, o caso do surto de covid-19 num lar de idosos em Reguengos de Monsaraz .
Segundo Miguel Guimarães “não estão a ser cumpridas as normas clínicas.” Adianta ainda “o que não faz sentido é os doentes serem avaliados no local, ficarem num pavilhão sem condições nenhumas de enfermaria – isto é o relatado por todos os médicos que têm lá passado – e quando estão muito mal é que vão a correr para o hospital. Não é assim que as coisas devem funcionar”.
O bastonário faz um apelo, neste mesmo comunicado, à diretora geral da Saúde e à ministra da Saúde, para que “olhem para este caso e vejam o que aconteceu” e compara o caso de Reguengos de Monsaraz com o Lar de Nossa Senhora das Dores, em Vila Real, onde foram detetados 72 residentes com covid-19.
“São casos muito semelhantes a nível de número de pessoas. Em Vila Real, rapidamente existiu um hospital de retaguarda para os doentes e a taxa de mortalidade foi muito inferior”, lembra o bastonário.
Miguel Guimarães lembra os familiares dos utentes de que podem agir judicialmente, caso as entidades competentes não reconheçam a necessidade premente de respeitar as orientações e normas da Direção-Geral da Saúde (DGS) “Os familiares dos doentes podem fazê-lo, com base no respeito das orientações e normas da DGS”, explica o bastonário.
Recorda ainda que “os utentes infetados devem ser transferidos para uma Área Dedicada Covid (ADC-SU) a fim de serem devidamente triados e colocados numa enfermaria com condições adequadas ao seu estado de saúde, caso necessário”.
Segundo a organização representativa, “o caso merece uma participação ao Ministério Público para que este apure da eventual responsabilidade criminal em face do relato feito pelos médicos que prestaram serviço no lar” ou “pavilhão para onde foram transferidos os utentes infetados do lar”, que entretanto já ocorreu, e dada a sua “gravidade excecional”, decidiu designar uma comissão de inquérito para “avaliar todas as circunstâncias clínicas relacionadas com esta situação”.
Termina dizendo que “as decisões que têm sido tomadas no caso do lar de idosos (…) de Reguengos de Monsaraz não aparentam ser as mais corretas e, a nosso ver, colocam em causa a saúde dos utentes, como parece estar a acontecer”, acrescentou a nota.
A Ordem dos Médicos referiu ainda que tem como uma das suas atribuições “contribuir para a defesa da saúde dos cidadãos e dos direitos dos doentes” e qu “No caso de Reguengos de Monsaraz é por demais evidente que os direitos dos doentes e a saúde dos cidadãos estão postos em causa”, frisou o comunicado.